Um membro de um determinado grupo comunitário, depois de uma rusga com outro componente, sem nenhum aviso deixou de participar de suas atividades.
Após algumas semanas, o líder daquele grupo decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria.
O líder encontrou o homem em casa sozinho, sentado diante da lareira, onde ardia um fogo brilhante e acolhedor.
Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas ao líder, conduziu-o a uma grande cadeira perto da lareira, serviu-lhe uma generosa xícara de chá e, sentando-se em outra cadeira, ficou quieto, esperando a ladainha que certamente viria, pronto para despejar suas mágoas.
O líder acomodou-se confortavelmente na grande cadeira, mas não disse nada, ficando a saborear o delicioso chá. No silêncio sério que se formara, o líder apenas contemplava a dança das chamas em torno das achas de lenha, que ardiam. Ao cabo de alguns minutos, depois de terminar de saborear seu chá, o líder examinou as brasas que se formaram. Levantando-se, cuidadosamente selecionou uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a para o lado com o atiçador.
Voltou então a sentar-se, permanecendo silencioso e imóvel. O anfitrião, fascinado e quieto, prestava atenção a tudo. Aos poucos a chama da brasa solitária diminuía, até que houve um brilho momentâneo e seu fogo apagou-se de vez. Em pouco tempo o que antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um negro, frio e morto pedaço de carvão, recoberto de uma espessa camada de fuligem acinzentada.
Nenhuma palavra tinha sido dita desde o protocolar cumprimento inicial entre os dois amigos.
O líder, antes de se preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil, colocando-o de volta no meio do fogo. Quase que imediatamente ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e calor dos carvões ardentes em torno dele.
Quando o líder alcançou a porta para partir, seu anfitrião disse: – Obrigado, muito obrigado. Por sua visita e pelo belíssimo sermão. Estou voltando imediatamente ao convívio do grupo. Deus te abençoe!
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