terça-feira, 24 de maio de 2011

A CELEBRAÇÃO DA EUCARISTIA

A CELEBRAÇÃO DA EUCARISTIA
Pe. Cristiano Marmelo Pinto


No presente texto quero partilhar com vocês meus amigos e amigas uma reflexão sobre a Celebração de Eucaristia. Ela é o centro da vida do cristão. É o cume para onde tende todas as nossas ações. É na Celebração da Eucaristia que a Igreja se manifesta de maneira visível ao mundo. Congregados no nome do Senhor, a Igreja, Cabeça (que é Cristo) e Membros (todo o povo de Deus), se une para celebrar o centro de nossa fé: o Mistério Pascal de Cristo. Não iremos nos deter em detalhes, que podem ser buscados nas referências bibliográficas mencionadas no fim desta reflexão. Estudaremos a missa no seu aspecto estrutural. Nosso objetivo é conhecer as partes da missa para nos situarmos dentro de uma celebração.
Não devemos cair num mero seguimento cego e escrupuloso das rubricas litúrgicas. Isto é um exagero! Devemos, pois ajudar para que o povo, comunidade de irmãos reunidos possam ter uma participação plena, ativa e consciente nas celebrações litúrgicas como nos pede a Sacrosanctum Concilium, nº 14.
A missa é antes de tudo uma refeição. Cristo a instituiu durante sua última refeição com os discípulos (cf. Mt 26, 26-29). Na Eucaristia, fração do pão, somos alimentados pela Palavra de Deus e pelo próprio Corpo e Sangue do Senhor. Não é uma simples refeição, ela envolve fraternidade, acolhimento e comunhão. Mas é também um sacrifício no qual Cristo se imola por todos nós. Sua vida foi uma constante oblação ao Pai. Mas com seu sacrifício deu-nos novamente a vida. Com o sacrifício da cruz, Cristo estabeleceu uma nova Aliança, agora eterna e inquebrável.
A Eucaristia é Memória da Paixão de Cristo. Ele mesmo nos mandou fazer isto em sua memória (cf. Lc 22-19). Fazer memória significa tornar presente – presencialização – de sua paixão, morte e ressurreição. Na celebração da eucaristia concretizamos a ação redentora de Cristo até o Reino definitivo. Fazer memória envolve a Deus, ao povo, o presente, o passado e o futuro. E a eucaristia possui uma dimensão escatológica, um dia participaremos do banquete definitivo na Casa do Pai.
A missa é composta das seguintes partes:

Ritos Iniciais
Liturgia da Palavra (rito da palavra)
Liturgia Eucarística (rito das oferendas, rito da comunhão)
Ritos Finais

I. RITOS INICIAIS
Os ritos iniciais têm como objetivo fazer com que a assembléia entre no clima da celebração. Tem o caráter exórdio, ou seja, de introdução, de preparação. Visa constituir a comunidade celebrante, para se dispor a ouvir a Palavra de Deus e celebrar a Eucaristia. A missa não é uma mera reunião. É muito mais. Ao nos reunirmos manifestamos a Igreja presente (Cabeça e Membros). O próprio Senhor se faz presente: Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles (Mt 18,19-20). A reunião é, pois, expressão deste mistério. Estes ritos vão nos ajudar a estarmos na presença do Senhor e dos irmãos, a nos situarmos no mistério celebrado, e a nos dispormos para a própria celebração.
Partes dos Ritos Iniciais:
  1. Canto de Abertura (Procissão de Entrada)
  2. Saudação
  3. Ato Penitencial
  4. Hino de Louvor – Glória
  5. Oração da Coleta
  6. Canto de Abertura (Procissão de Entrada)
Este canto acompanha a procissão de entrada do sacerdote, ministros, leitores, coroinhas, etc.. Por isso é também um canto processional. Esta procissão recorda as peregrinações que os judeus faziam a Jerusalém. Também simboliza a nossa peregrinação rumo ao Reino do Céu. A procissão de entrada além de retratar nossa caminhada para o Pai, quer nos ambientar com a celebração. É a primeira das três procissões que acontecem na missa.
O canto deve nos situar no tempo litúrgico, criar assembléia, nos introduzir no mistério celebrado. É um canto de abertura, de acolhimento e processional.

2. Saudação
O presidente da celebração age na pessoa de Cristo “in persona Christi”. É em nome de Cristo que ele do seu lugar, acolhe a todos presentes na celebração. Ele invoca as pessoas da Santíssima Trindade, pois a comunidade se encontra em nome do Senhor. Mesmo que seria simpático dizer “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, o que deve prevalecer na celebração é uma das saudações tradicionais prescrita no missal romano. Não se trata de um encontro qualquer, mas do encontro com o próprio Deus. Isto não significa que na celebração não haja lugar para a espontaneidade, mas ela deve acontecer no lugar devido e com moderação, respeitando o rito prescrito. O presidente pode após a saudação, introduzir a comunidade nos motivos da celebração. Isto ajudará numa participação ativa e consciente.

3. Ato Penitencial
O Ato Penitencial tem como função preparar a comunidade para ouvir atentamente a Palavra de Deus e participar da comunhão do Corpo do Senhor. É um momento importante na missa. É um momento para se fazer a experiência da misericórdia de Deus. O perdão é gratuito. Por isso, uma atitude coerente é nos colocarmos suplicantes diante de Deus para pedir-lhe a sua misericórdia. “Procure o presidente despertar o sentido pessoal e comunitário da penitência, dando ênfase ao louvor da misericórdia e fazendo um apelo à conversão da Igreja para Cristo” (CNBB, Doc. 2 - Pastoral da Eucaristia, p. 29.). Importantíssimo termos em mente, que no ato penitencial não se deve ficar falando muito do pecado, com um certo moralismo, mas deve ressaltar a misericórdia de Deus. Esta é mais importante!

4. Hino de Louvor – Glória
O Glória é um hino antiquíssimo! Já se encontra presente nas celebrações desde os primeiros séculos. É um hino cristológico, isto é, exalta mais os atributos de Cristo, embora haja referências a Deus Pai e ao Espírito Santo. Porém, não é trinitário. Não constitui um louvor a Santíssima Trindade. No glória, a Igreja, como Corpo de Cristo Total, Cabeça e Membros, presta culto à divindade através de seu Mediador. Por ser hino, deveria ser cantado sempre. Infelizmente a letra oficial que temos da tradição não é muito fácil para se cantar. Por esse motivo, a CNBB, providenciou uma letra que pode ser canta com facilidade. Falo da letra oficial da CNBB, que pode ser musicada por qualquer um, desde que obedeça sua função ritual e sua característica de hino. Não se deve substituí-lo por letras abreviadas, como por exemplo: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo..., nem por outros cantos como “Glória, glória, aleluia...”. Desta forma perde-se a riqueza da letra que a tradição nos deixou. Este hino não se canta nos tempos do Advento e nem da Quaresma, assim como nas missas celebradas durante a semana, a não ser na comemoração de uma festa ou solenidade.

5. Oração da Coleta
Com esta oração concluem-se os ritos iniciais. Esta oração se chama “coleta” pelo fato de que, após o convite do presidente da celebração, cada um coloca suas intenções silenciosamente, e em seguida ele coleta todas numa única intenção e eleva ao Pai. É uma oração própria de cada festa, de cada celebração. Ela é móvel, ou seja, muda conforme a festa, o dia.

II. LITURGIA DA PALAVRA
É a primeira parte essencial da Celebração Eucarística. Não é uma preparação para a Liturgia Eucarística, e nem mais importante. As duas estão intimamente unidas. Na Celebração Eucarística comungamos o Pão da Palavra e o Pão do Corpo e Sangue do Senhor. Ela é um diálogo amoroso do Pai para com seus filhos reunidos. Por isso, exige de nós uma verdadeira atitude de fé, de respeito e acolhimento à Palavra de Deus. “A Liturgia da Palavra não pode reduzir-se ao simples escutar de algumas leituras com a respectiva explicação. A Palavra proclamada não só instrui e revela o mistério da redenção e salvação realizado através da história (cf. SC 33), mas torna o Senhor realmente presente no meio do seu povo (SC 7)” ( CNBB. Doc. 2. Pastoral da Eucaristia, p. 32.). É o próprio Deus quem fala através de seus ministros. As leituras não devem ser simplesmente lidas, mas proclamadas. Ela é constituída de várias partes. Vejamos:

Primeira Leitura
Salmo Responsorial
Segunda Leitura
Aclamação ao Evangelho
Proclamação do Evangelho
Homilia
Profissão de Fé (Creio)
Preces da Comunidade (Oração dos Fiéis – Oração Universal)

1. Primeira Leitura
Referindo-se em geral ao Antigo Testamento, Deus apresenta um fato ou um acontecimento, ou uma profecia que sirva de base – como exemplo ou motivação – para o assunto do dia. No tempo da Páscoa, tiramos esta leitura do livro dos Atos dos Apóstolos ou do Apocalipse de São João. Ela serve para nos situar na expectativa do povo eleito para a vinda do Messias.

2. Salmo Responsorial
Entre as leituras, cantamos o salmo de resposta. Ele tem como finalidade4 favorecer a meditação da palavra escutada. Está ligado a primeira leitura. Como o salmo é Palavra de Deus, ele faz parte integrante da liturgia da Palavra. Não pode ser substituído por outro canto qualquer. Ele ajuda a aprofundar o tema da primeira leitura. Deve ser sempre cantado. E para isto deve-se desenvolver na comunidade o ministério do salmista, ou seja, aquele ou aquela que vai entoar o salmo, enquanto a comunidade participa com o refrão.

3. Segunda Leitura
Utilizando-se em geral uma Carta Bíblica do Novo Testamento, o Pai leva o assunto à vida prática de cada dia, aplicando os seus ensinamentos ao nosso modo de viver. Nos dias da semana, não se faz esta Segunda leitura, porém, nas celebrações dominicais nunca se deve omiti-la.

4. Aclamação ao Evangelho
A palavra “Aleluia” significa: “exultemos a Jávé”. Esta aclamação é para preparar os corações ao Senhor que pela Palavra. Ela visa preparar a assembléia para o momento mais importante da liturgia da Palavra: o Evangelho. A aclamação tem cunho festivo, ao contrário do salmo responsorial que é meditativo. Ao anúncio de que o próprio Cristo irá falar, a comunidade põe-se de pé para aclamar sua Palavra.

5. Proclamação do Evangelho
Evangelho significa: Boa Nova, Mensagem, Boa Notícia. Nele é o próprio Jesus que vem nos falar. É o centro, o ponto alto do diálogo, pois Jesus Cristo é o melhor interprete da vontade do Pai. Se nas demais leituras as ouvimos sentados, agora de pé, ouvimos atentamente o Evangelho em sinal de aceitação desta boa notícia.

6. Homilia
Homilia é uma palavra grega que significa: explicação, explanação. A homilia é o momento da missa destinado para a explicação dos mistérios da fé. É um momento de profundo diálogo, onde a Palavra de Deus proclamada vai ao encontro com a nossa vida. A homilia atualiza esta Palavra nos motivando a levar adiante o projeto de Jesus. Não pode ser um sermão moralizante, nem uma aula de teologia bíblica, mas deve traduzir a Palavra de Deus no dia-a-dia da comunidade celebrante. Deve, porém, levar a comunidade para um compromisso com o mundo de transformá-lo a partir da mensagem de Cristo. Não pode ser longa, mas objetiva.

7. Profissão de Fé (Creio)
O “Símbolo” ou “Profissão de Fé” tem por objetivo levar os participantes da celebração a dar seu assentimento e resposta à Palavra de Deus ouvida nas leituras e na homilia. O Creio nasceu da profissão de fé que se fazia por ocasião do batismo. Com o tempo foi introduzido na missa como acolhimento, aceitação da Palavra de Deus. Ele é a declaração pública, consciente e firme de nossa fé. É um resumo das verdades que nos foram anunciadas pelo Pai, através de Jesus Cristo, na inspiração do Espírito Santo. É uma profissão de fé trinitária e eclesial. Cremos na Trindade Santa e na Igreja, nascida do seio da Trindade. É, portanto, um abuso substituí-lo por formulações que não expressam nossa fé. O Credo é a expressão de uma comunidade ligada por uma aliança e por uma tradição de séculos. Por isso, deve ser respeitado.

8. Preces da Comunidade (Oração dos Fiéis)
Depois de termos sido alimentados pela Palavra de Deus nas leituras e homilia, a comunidade ergue a Deus sua súplica. É o momento de olharmos para a realidade que nos cerca, para as necessidades da humanidade inteira. Nesta oração de todos por todos, mostra-se a universalidade da Igreja. Não é um momento de oração meramente pessoal, mas comunitário. Deus que nos instruiu para atuarmos na realidade concreta da vida, agora é suplicado para nos ajudar a realizar nossa missão transformadora.

III. LITURGIA EUCARÍSTICA
Juntamente com a Liturgia da Palavra, esta é a segunda parte essencial da missa: a Liturgia Eucarística. Não devemos confundi-la com a Oração Eucarística. Nesta parte, a Igreja faz o mesmo que Cristo fez na última Ceia.

“Tomou o pão, o cálice”: Preparação dos dons (oferendas)
“Deu graças”: Oração Eucarística
“Partiu o pão”: Fração do pão
“Deu”: Rito de Comunhão

Esta é a estrutura fundamental da Liturgia Eucarística. Ela é a própria realização do ritual da Páscoa de Jesus. É a renovação dos gestos de Cristo na última Ceia. No Ofertório há a oferenda dos dons, na Oração Eucarística, a transformação dos dons, e na Comunhão, a consumação do Corpo e Sangue de Cristo.

1. Apresentação dos Dons (Oferendas)
No inicio da liturgia eucarística são levados ao altar os dons que serão convertidos no Corpo e no Sangue de Cristo. O que se oferta neste momento são os elementos materiais escolhidos por Cristo para o sacramento: pão e vinho. Mas podemos colocar também nossa vida, nosso trabalho. Este é um momento de reconhecimento e gratidão por tudo que recebemos de Deus. Daí a inspiração do gesto de solidariedade e partilha. Também colocamos o fruto no nosso suor (coletas) para a obra da evangelização e da caridade. Trazemos neste momento os mantimentos para ajudar nossos irmãos carentes. Tudo o que ofertamos neste momento é para o sustento da Igreja e dos pobres.
É neste momento que acontece a segunda procissão na missa. Saímos de nossos lugares para colocar aos pés do altar nossos dons, nossas ofertas. Trazemos também o pão e o vinho para serem consagrados. Neste momento é oportuno um canto. Este canto acompanha a procissão. Sua duração deveria ser apenas enquanto durar a procissão. Depois a comunidade participa da preparação dos dons.

2. Oração sobre as Oferendas
Para encerrar o rito do ofertório e passar para a fase seguinte, o presidente convida a comunidade para a oração. Neste momento, o sacerdote pede a Deus que aceite nossas oferendas. Esta oração é própria do dia.
3. Oração Eucarística
A missa é toda ela uma eucaristia, ou seja, ação de graças. Porém a Oração Eucarística ocupa um lugar central dentro da liturgia eucarística. Antigamente era chamada de cânon, que significa “regra”, é a regra eucarística. Ela forma um todo que comporta vários elementos:

Diálogo
Prefácio
Santo
Narrativa da Instituição (Consagração)
Anamnese (Memória)
Intercessões
Doxologia Final (O Grande Amém!)

A Oração Eucarística é o cume de toda a celebração. O presidente deve chamar a atenção da comunidade para esta centralidade e para a participação ativa neste momento da missa, no qual se torna presente o sacrifício de Cristo na Ceia Eucarística. Para isso é importantíssimo que haja uma forte comunicação entre o sacerdote e a comunidade, que é chamada para participar através das aclamações. Pode-se valorizar o canto nesta parte da missa.

3.1. Diálogo
Antes do prefácio há um belo diálogo entre o presidente e os participantes da celebração. É mais que uma saudação, é uma profissão de fé.

Presidente: O Senhor esteja convosco.
Povo: Ele está no meio de nós.
Presidente: Corações ao alto.
Povo: O nosso coração está em Deus.
Presidente: Demos graças ao Senhor, nosso Deus.
Povo: É nosso dever e nossa salvação.
A Comunidade é convidada pelo presidente a prestar atenção e se elevar ao mistério celebrado. Este diálogo é a abertura da grande oração de “Ação de Graças”, a Oração Eucarística.

3.2. Prefácio
O prefácio constitui-se um belíssimo hino de exaltação a Deus. Nele se louva, agradece a Deus juntamente com toda a Igreja Celestial. O texto do prefácio faz alusão ao mistério que está sendo celebrado. Deste modo celebramos durante o ano toda a história da salvação. O prefácio é parte móvel da missa. Para cada celebração, conforme o mistério celebrado tem-se um prefácio próprio. Prefácio do Natal, da Quaresma, da Páscoa, de Nossa Senhora, dos Defuntos, etc.. Ele é encerrado com a grande aclamação do Santo.

3.3. Santo
Um hino exultante, cuja composição nos recorda que a liturgia é obra ao mesmo tempo terrestre e celeste – “céus e terra proclamam a vossa glória”. O versículo de Isaías 6,3 acrescido da citação de Mateus 21, 9, que está baseado no Salmo 118, 25-26, forma a aclamação que transmite não somente a santidade de Deus, mas também a de sua plenitude. Por ser uma aclamação, deveria ser sempre cantado. O santo é um canto de toda a comunidade. Nunca deve privá-la de sua participação.

3.4. Narrativa da Instituição (Consagração)
Antes da Consagração, invoca-se o Espírito Santo sobre as oferendas. Chamamos de “Epiclese”. Para que o pão e o vinho sejam transformados no Corpo e no Sangue do Senhor, é preciso que sejam santificados. Por isso invoca-se o Espírito Santo.
A Narrativa da Instituição da Eucaristia é um memorial sacramental daquilo que Jesus disse e realizou tanto na ceia quanto na cruz. Pelas palavras da consagração torna-se presente o próprio Cristo nas espécies do pão e do vinho. A fé nos ensina que não é mais pão e vinho, mas o Corpo e o Sangue do Senhor.

3.5. Anamnese (Memória)
Após a consagração tem lugar a “anamnese”, uma recordação do preceito do Senhor. Ela está ligada a Consagração. A Comunidade deve participar desta aclamação que pode ser cantada.
Presidente: Eis o Mistério da Fé!
Povo: Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!
Ela se prolonga em forma de prece, que pode variar conforme a Oração Eucarística. Nela se oferece ao Pai o sacrifício de Cristo, agora no pão e no vinho. Roga-se para que participando deste sacrifício, leve-nos a união por meio do Espírito Santo.

3.6. Intercessões
Dentro da Oração Eucarística são feitas intercessões. Pede-se pela Igreja peregrina, pelo Povo de Deus, pelo Papa, Bispos, Padres. Enfim, reza-se por toda a Igreja terrestre e celeste, vivos e mortos. As intercessões nos levam a uma comunhão com todos os que já atingiram a santidade.

3.7. Doxologia Final (O Grande Amém!)
Encerramos a Oração Eucarística com uma grande profissão de fé. Com uma fórmula trinitária que quer ser louvor, glorificação, honra, bênção e adoração. O “Por Cristo, com Cristo e em Cristo...” é uma síntese eucarística. É um louvor solene proclamado pelo presidente da celebração. O presidente eleva a hóstia e o cálice e proclama o “Por Cristo...” A comunidade participa com o “Amém”, que pode ser cantado. É neste momento que acontece o verdadeiro ofertório na missa.

IV. RITO DA COMUNHÃO
Após a Oração Eucarística, acontece a terceira parte da Liturgia Eucarística: o Rito de Comunhão. Mesmo sendo breve, este rito conta com várias partes:

Pai-Nosso
A Saudação de Paz (Abraço da Paz)
Fração do Pão
Cordeiro de Deus
A Comunhão (Canto de Comunhão)
Oração após a Comunhão

1. Pai-Nosso
A Oração do Pai-Nosso é o primeiro elemento que constitui o rito de comunhão. É a melhor preparação para a comunhão. Primeiro porque não é qualquer oração, foi o próprio Senhor quem nos ensinou, depois, porque ela faz referência ao pão que não é somente o pão material, mas também o pão que alimenta nossa fé. Ao Pai-Nosso segue uma súplica onde se pede perdão dos pecados. O “Livrai-nos de todos os males, ó Pai...” é um prolongamento do Pai-Nosso.

2. A Saudação de Paz (Abraço da Paz)
Este gesto nos chegou de diversas tradições. Quanto ao lugar deste gesto na missa, havia diferenças: no início, no começo da liturgia eucarística ou no momento antes da comunhão, como fazemos nós. Para podermos comungar é necessário que haja uma verdadeira paz entre nós. Esta paz deve ser expressão de nossa unidade, que é capaz de superar tudo que nos divide e separa. Caso contrário, a comunhão se torna um contra testemunho de nossa fé. Seria muito bom pensar nisto!

3. Fração do Pão
O presidente parte a hóstia e coloca um “pedacinho” da mesma dentro do cálice com o vinho consagrado. Este gesto chama-se “fração do pão”. Antigamente era necessário este gesto. Os fiéis traziam de suas casas o pão para ser consagrado. Na hora da comunhão eles partiam o pão num gesto belíssimo de fraternidade (cf. 1Cor 10, 16-17). Este gesto nos lembra duas coisas: que Jesus partiu o pão com seus discípulos e que nós devemos partir o pão entre nós.

4. Cordeiro de Deus
O Cordeiro acompanha a Fração do Pão. Ele é cantado logo após o abraço da paz. É um canto da assembléia. O cordeiro é símbolo da vítima oferecida por Deus no sacrifício pascal. O Cordeiro é Cristo, que morreu na cruz para nós salvar.

5. A Comunhão (Canto de Comunhão)
Após uma oração silenciosa, o presidente apresenta a hóstia consagrada para a comunidade. Logo em seguida ele comunga. Neste momento inicia-se o Canto de Comunhão. A procissão para a comunhão é a terceira procissão na missa. Ela possui um significado importante: vamos ao encontro do Senhor que se faz nosso alimento. Ao mesmo tempo, as procissões na celebração eucarísticas tem o sentido de peregrinação para o Reino de Deus. Os fiéis colocam-se em procissão para receber o Senhor na hóstia consagrada. O canto neste momento deve ser tranqüilo e acompanha esta procissão. Este é um momento sério no qual testemunhamos nossa comunhão com Cristo e com os irmãos. Por isso não devemos comungar de qualquer jeito.

6. Oração após a Comunhão
Terminada a comunhão, depois de um momento de silêncio, o presidente convida a comunidade para a oração. Esta oração pós-comunhão encerra o rito da comunhão e a Liturgia Eucarística. Ela é bem semelhante a oração da coleta e a das oferendas. Nesta oração depois da comunhão, o presidente implora os frutos do mistério celebrado. Pede que, aquilo que celebramos tenha efeito em nossa vida. A comunidade participa com o amém.

V. RITOS FINAIS
Os ritos finais são breves e singelos. É um momento de despedida. Porém, é o início de nossa missão no cotidiano da vida. Na estrutura da missa segundo o Rito Romano, os ritos finais são compostos da Bênção Final e da despedida. Mas nós introduzimos neste momento alguns elementos novos. Antes da Bênção, costumamos fazer alguns avisos comunitários. Após a Bênção, é costume nosso fazer um canto. Seguindo este esquema podemos dizer que os Ritos Finais são compostos de:

Avisos
Bênção Final
Despedida
Canto de Dispersão

1. Avisos
É apropriado neste momento, após a Oração depois da Comunhão, fazer os avisos da comunidade. Estes avisos devem ser breves e objetivos. Também é neste momento que se podem fazer homenagens, cantar parabéns para os aniversariantes, etc. Não deve ser um momento muito prolongado. Lembre-se que nos Ritos Finais o mais importante é a Bênção Final.

2. Bênção Final
A Bênção faz parte do encerramento da missa. Quem abençoa é o sacerdote, como mediador de Jesus Cristo. O Sacerdote agiu na celebração em nome de Jesus Cristo e agora também em nome de Cristo ele abençoa. Assim como abriu a celebração com a invocação a Santíssima Trindade, em nome dela ele encerra a celebração. O sacerdote é mediador e por isso ele não se inclui na bênção. Ele não invoca a bênção, ela abençoa em nome de Deus.

3. Despedida
Em seguida vem a despedida. Com esta despedida o presidente nos envia para nossa vida com a missão de evangelizar o mundo. “Glorificai o Senhor com vossas vidas. Ide em paz, o Senhor vos acompanhe”. Todos respondem: “Graças a Deus”. A riqueza desta despedida é que voltamos para nossas atividades, agora louvando e bendizendo a Deus em nossas vidas. Devemos levar para o mundo a paz que Jesus nos deu. Transformar a sociedade, o mundo, eis nossa missão.

4. Canto de Dispersão.
Nosso costume introduziu este canto no final da celebração. Ele não constitui um “Canto Final”. A missa já terminou com a Bênção e a Despedida. Este canto deve fazer com que nossa saída da Igreja seja alegre e missionária. É um canto para a comunidade se dispersar. Não se pode prender as pessoas na igreja para cantar. O correto é cantar saindo. Por isso Canto de Dispersão e não Canto Final.

Indicações Bibliográficas:
CNBB. Pastoral da Eucaristia. Doc. 2. São Paulo: Paulinas, 1974, p. 87.
CNBB. Diretório para Missas com grupos populares. Doc. 11. São Paulo: Paulinas, 1977, p.46.
CNBB. Animação da vida litúrgica no Brasil. Doc. 43. São Paulo: Paulinas, 1990, p. 116.
BUYST6, Ione. A Missa: memória de Jesus no coração da vida. Petrópolis: Vozes, 1999, p.116.
BECKHÄUSER, Frei Alberto. A Liturgia da Missa: Teologia e Espiritualidade da Eucaristia. Petrópolis: Vozes, 1990, p.141.
ODORISSIO, Mauro. Missa: mistério-celebração-organização. São Paulo: Ave Maria, 1994, p.119.
CECHINATO, Pe. Luiz. A Missa parte por parte. 25ªed. Petrópolis: Vozes, 1996, p.142.
JÚNIOR, Pe. Joviano de Lima. A Eucaristia que Celebramos: explicação popilar da missa. São Paulo: Paulinas, 1982, p. 121.
SCHNITZLER, Theodor. Missa mensagem de vida: entenda a missa para participar melhor: São Paulo: Paulinas, 1978, p. 326.
ROUET, Albert. A Missa na História. São Paulo: Paulinas, 1981, p.129. 

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