“Caríssimos irmãos e irmãs, hoje trazemos este belo texto do padre Zézinho que nos diz algo que a missa não é: uma opereta (ML)”
Opera é um teatro todo cantado. Opereta, um teatro declamado, falado e cantado. Pode haver danças no meio. É mais ou menos isso! Os detalhes eu deixo para os especialistas em artes cênicas. Missa é culto católico, com séculos de história, que não depende de lugar para acontecer, mas, em geral, acontece num templo. Não é nem nunca foi ópera ou opereta. Quem dela participa não é ator e nem o presidente da assembléia nem os cantores podem ser sua principal atração.
Mas são! E o são por conta de um fato: a maioria não estudou ou não respeita as orientações dos especialistas de uma ciência chamada "liturgia". Liturgia deve ser o que impede que o altar vire palco, e o lado direito ou esquerdo dele vire coxia! Regula o culto de maneira que transpareça a catequese e a teologia daquele momento. Na hora em que o presidente daquele culto, ofuscado pelas luzes e pela fama local ou nacional, e algum cantor ou cantora deslumbrado com a sua chance de mostrar seu talento roubam a cena, temos mais uma exibição de opereta, num templo católico. Gestos, corridinhas, roupas lindas, música que estoura os ouvidos, o padre onipresente, inserções aqui e ali no script do que tratam como peça de arte, vinte músicas para uma missa, as canções duram 50 minutos e as palavras da missa 12 ou 15, o sermão do padre 25... E o povo que não pagou para assistir, é convidado a deixar sua contribuição no ofertório. Na semana que vem haverá outra exibição... Isto, nos cultos em que o altar vira palco e o celebrante que poderia, sim, ser alegre, comunicativo, acolhedor, resolve se o ator principal com alguns coadjuvantes chamados banda católica.
Nos outros cultos chamados de eucaristia e tratados como eucaristia a coisa é bem outra! Tem decoro, tem lógica, obedece-se ao conteúdo e aos textos daquele dia, as canções são verdadeiramente litúrgicas, os leitores sabem ler e não engasgam, os microfones não estouram, ninguém toca nem fala para ensurdecer, músicos não entram em competição, nenhum solista canta demais, cantores apenas lideram o povo, ninguém fica dedilhando cançõezinhas durante a consagração, como fundo para Jesus que faz o seu debut, as canções são ensaiadas e escolhidas de acordo com o tema da missa daquele dia, não se canta na hora da saudação de paz porque ninguém diz bom dia, ou como vai cantando...Tais coisas só acontecem nas operetas...
Nas missas sérias e com unção ninguém fica passando à frente ou atrás do altar, ministro não fica mexendo no altar enquanto o padre prega, padre não exagera nas vestes, não berra, não grita, não dá show de presença, tudo é feito com muita seriedade e decoro. O padre até se destaca pela seriedade. Celebra-se, dentro das nuances permitidas, o mesmo ato teológico com implicações sociais que se celebra no mundo inteiro. Todos aparecem e ninguém se destaca.
Mas receio ser inútil escrever sobre estas coisas, porque pouquíssimas bandas e pouquíssimos sacerdotes admitem que isso acontece com eles...E ai de quem disser que acontece! Mandam consultar o ibope sobre as novas missas transformadas em operetas, nas quais se privilegia mais canção do que os textos do dia. Perguntem se, depois daquele "somzão" e daquelas inserções com exorcismo, oração em línguas e outros adendos não aumentou a freqüência aos templos! É! Pois é!
Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura.
"Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".
Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".
Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as tem na mão e olha devagar para elas".
Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...
O texto acima foi extraído da seção "Sinapse", jornal "Folha de S.Paulo", versão on line, publicado em 26/10/2004.
O que é a beleza? Uma longa tradição filosófica refletiu sobre este tema, buscando a explicação sobre o que é, como os homens a conhecem, como a admiram, aprofundando na experiência comum, que é o ponto de partida de toda boa explicação.
Desta reflexão surge que a capacidade de admirar da beleza, natural ou artística, caracteriza-se por um "prazer" que reúne não somente os sentidos, mas toda a pessoa: emoções e paixões; razão e intelecto; trata-se de um prazer não destinado ao útil - portanto, um prazer pelo prazer: isso é uma vivência do prazer frente a qualquer coisa que se conhece, sem pretender comprá-la, possuí-la, modificá-la.
A beleza tem um vínculo particular com a vista. São Tomás de Aquino, com sua célebre afirmação - "Pulchrum est quod visum placet" - o belo é que agrada a visão (Summa Theologiae, I, q. 5, a. 4, ad 1um) -, indica que do belo importa a apreensão e, de forma especial, o deleite: o belo é "agradável ao conhecimento" (ibid., II-II, q. 27, a. 1, ad 3um), porque o belo exige ser "conhecido".
A beleza, além disso, tem características constantes, como a harmonia e a regularidade, que o próprio São Tomás afirma com a "integritas sive proportio", ou a certeza, na "debita proportio sive consonantia", ou na "claritas", ou no esplendor corpóreo ou espiritual: a beleza do corpo consiste em ter os membros bem proporcionados (debita proportio), com a luminosidade devida à cor (claritas). A beleza espiritual consiste no fato de que o comportamento e as ações de uma pessoa sejam bem proporcionados (proportio), segundo a luz da razão (claritas) (Ibid., I, q. 39, a. 8, resp.).
Esta definição da beleza, que alguns tacham de intelectualista, constitui a análise racional de experiência comum e geral: confirmando isso, existem diversas buscas de ordem psicológica e antropológica que confirmam como, desde crianças e independentemente da cultura, tende-se a reconhecer como belo e agradável o que é harmônico e proporcionado.
No entanto, nos últimos dez anos, foi-se consolidando uma concepção da beleza separada totalmente do conhecimento sensorial e racional, divorciada do prazer estético e da experiência comum. Trata-se precisamente de um "conceito" de beleza construído por alguns teóricos sem nexo algum com a realidade e com a visão.
Sobre a base deste pressuposto nasceram, ao mesmo tempo, diversas tipologias de arte, implicadas por esta esotérica concepção de beleza (beleza como ausência, como falta de harmonia, como algo estranho...). Nestes "objetos" não se chega a apreciar a beleza de nenhuma das maneiras, mas alguns adeptos destas obras dizem que a beleza está presente.
Acontecem então situações hilariantes, que a meu ver podem ser descritas pela fábula "A roupa nova do imperador", escrita por Hans Christian Andersen (1805 - 1875). A fábula conta a história de um imperador muito vaidoso que é enganado por dois ladrões que dizem ter um tipo de tecido tão belo que só os estúpidos não podem ver. Assim, eles enganam o imperador com um tecido inexistente, que ele finge ver e admira sua beleza, para não ser considerado estúpido. Pede aos ladrões que confeccionem uma roupa com esse tecido, e todos os dignatários da corte e os cidadãos fingem admirar o traje, pensando que não vêem a beleza do tecido porque não são capazes de se deleitar. Só uma criança tem coragem de exclamar que o imperador está nu e só então as pessoas se sentem valentes para crer em seus próprios olhos e reconhecer que não viam nada.
Bem, frequentemente, passeando nas salas de muitos museus de arte contemporânea, vêem-se muitos imperadores vaidosos, cortesãos e cidadãos, que fingem admirar uma beleza que parece estar reservada só a mentes superiores, até que alguém, com a inocência dos simples, têm a valentia de dizer que não há absolutamente nada.
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* Rodolfo Papa é historiador da arte, professor de história das teorias estéticas na Universidade Urbaniana, em Roma; presidente da Accademia Urbana delle Arti. Pintor, autor de ciclos pictóricos de arte sacra em várias basílicas e catedrais. Especialista em Leonardo Da Vinci e Caravaggio, é autor de livros e colaborador em revistas.
Em 1966, através de sua arte musical, Chico Buarque nos falava da efemeridade com que as pessoas acolhiam a novidade, o belo, a mudança. A novidade nos faz levantar e se interessar, mas só enquanto é novidade ou enquanto está em evidência. Depois..., bem, depois cada qual volta para o seu dia-a-dia, esquecendo-se até mesmo da alegria que a novidade lhe causou. Não mais buscamos fazer da novidade, do belo, um mote para buscar novas mudanças e, portanto, mais alegria.
Vivemos hoje de fragmentos da alegria. Cada qual buscando seus próprios fragmentos. Perdemos o sentido e a capacidade de juntarmos nossos fragmentos aos dos demais e com isso construir uma alegria permanente ou, pelo menos, duradoura. Cada um vive seu fragmento de modo particular e egocêntrico, esperando sempre que uma novidade venha lhe proporcionar novos fragmentos.
Corre um ditado popular que diz: "As pessoas se esquecerão do que você disse... as pessoas se esquecerão do que você fez... mas as pessoas nunca se esquecerão de como você as fez sentir."
Acho que esse ditado perdeu sua validade nos tempos que correm. Atualmente, até mesmo o que se sentiu não é mais lembrado. É cada qual no seu canto, e em cada canto uma dor, esperando que uma nova banda passe e nos faça, por alguns momentos, nos levantarmos. Depois, cada qual volta para seu canto. Esperando, quem sabe, novas coisas de amor.
Amor??? O que é isto mesmo???
Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou
E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor...
Mas, a esperança não morre jamais. Junto com Chico, no mesmo festival de música, Geraldo Vandré e Théo de Barros mostravam que não se pode parar, se acomodar. Se a nossa banda não conseguiu despertar as pessoas para continuarem buscando a alegria da convivência e da partilha, pegamos nossa viola e vamos cantar noutro lugar ou outras músicas, para outras pessoas. O importante é continuar cantando nossa alegria. E em disparada!
É sempre um desafio falar de Deus porque é muito grande o perigo de imaginá-lo à nossa imagem e semelhança. O filósofo e escritor francês Voltaire escreveu certa vez que, após Deus haver criado o ser humano à sua imagem e semelhança, o próprio ser humano deu o troco, criando Deus à própria imagem e semelhança. Não há como negar, com efeito, que, por trás de cáustica ironia, aí se esconda algo de verdadeiro.
Antes de mais nada, a experiência de Deus tem ligação vital com as experiências humanas. Em razão disso, a infinita riqueza da imagem divina revela, em cada situação, algo que responde à situação vivida pelas pessoas, em termos de realização ou frustração, de paz ou de sofrimento. Essa é a condição da vitalidade e da autenticidade da experiência de Deus. E é também a garantia de uma resposta personalizada aos anseios humanos mais profundos. É aí que a experiência de Deus assume a forma do encontro.
Mas além desse aspecto, que revela a face gratificante da experiência de Deus, há que se destacar um outro ainda, revelador da mesquinhez humana. Todo ser humano, na verdade, de uma forma ou de outra, anda à procura de justificações elevadas para aquilo que planeja e realiza. O que foi projetado e efetivado sem Deus busca agora seu aval.
Quando isso acontece, em vez de um Deus de graça e justiça está-se falando das projeções humanas, dos desejos raramente confessados. Para toda pessoa que se alimenta na fé, é sempre uma situação incômoda agir e reagir em flagrante oposição à imagem de Deus tal como é testemunhada pelas Escrituras Sagradas.
Tais Escrituras testemunham, como dado de fé, que a realidade de Deus está infinitamente acima de tudo aquilo que a imaginação humana possa projetar, mesmo em seus momentos de maior elevação. Por outro lado, há que se reconhecer também que não é facultado ao ser humano acreditar em qualquer divindade. Não há como imaginar Deus em ligação com o sufocamento da vida. O Deus do testemunho bíblico é aquele que tomou partido em favor de seu povo escravo, que estabeleceu Aliança com esse povo porque o quer aberto à humanidade e cuja face mais verdadeira foi revelada pelo Filho, que se fez carne em Jesus de Nazaré. É fundamental, por conseguinte, dar-se conta de que é preciso ver a realidade divina em termos de proximidade e comunhão.
Cabe agora perguntar: que é que, na verdade, pode ser dito a respeito desse Deus?
Como primeira observação, parece-me possível dizer que ele é a referência maior e definitiva do ser humano. É famosa a afirmação surpreendente de Santo Agostinho na abertura das Confissões: “Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti”. As pessoas que fizeram uma autêntica experiência de Deus sabem como isso é verdade. Não é mera casualidade que a questão sobre Deus surja justamente quando o ser humano busca o sentido último de sua vida, quando faz as experiências mais profundas e significativas, quando ele se situa no limite entre o sentido e o absurdo.
Todos os povos, pelo que nos é dado saber, fizeram algum tipo de experiência religiosa. As formas, muitas vezes impregnadas pela magia e pela superstição, na tentativa de tornar propícia a divindade, testemunham assim mesmo a dimensão essencialmente religiosa do ser humano. A questão, na verdade, é bem mais complexa quanto possa parecer à primeira vista. E isso em razão de as experiências humanas serem geralmente confusas e cheias de contradições. Há sempre uma mistura de verdades, de meias verdades e de falsidades. A religião reflete a complexidade do próprio ser humano.
Na história da humanidade, o mais das vezes, o que se chegou a definir foi uma pluralidade de deuses e deusas, quase sempre em conflito entre si, visando o domínio sobre o mundo. E quanto mais falsa for uma divindade, mais ela irá justificar toda espécie de maldade. Idolatria e injustiça sempre andam de mãos dadas. Por aí é possível ter-se uma ideia da razão pela qual, no testemunho bíblico, a luta contra a idolatria não conheça trégua. Por trás da busca de um Deus verdadeiro esconde-se a preocupação, por vezes até dramática, de zelar de todas as formas pela dignidade humana.
A frequente confusão entre Deus e os ídolos decorre também, e principalmente, da radical ambiguidade que marca a existência humana em seu peregrinar pelos caminhos da história. Como aqui a preocupação é a de pôr em destaque a afirmação soberana da dignidade humana, porque este é o sentido daquilo que definimos como história da salvação, é importante não esquecer que não há exceções possíveis em termos de ambiguidade. Assim, todo ser humano é constantemente tentado pela tendência à idolatria e a toda forma de manipulação. Sem uma atenta vigilância, ele tenderá a agir em flagrante traição à sua identidade profunda, que reflete a imagem e a semelhança divinas.
Isso vale para todos os povos e, por conseguinte, também para Israel. Não se pode esquecer, com efeito, que a grandeza e a profundidade de suas experiências religiosas são expressões do dinamismo da graça e não, propriamente, de eventuais méritos.
Israel, que reconhecemos ser o povo da primeira Aliança, também fez uma experiência de Deus, encontrando-o nos caminhos de suas peregrinações e de seus sofrimentos.
Quem conhece de perto a história deste povo sabe quantas vezes, e de quantas formas, ele cedeu à tentação da idolatria justamente porque necessitava legitimar a própria maldade. A idolatria torna-se poderosa tentação quando as pessoas, traindo a própria consciência, necessitam justificar o mal que praticam, ou pretendem praticar. Os ídolos são produtos da consciência traída da humanidade. É esse dado que torna a idolatria um pecado de enorme gravidade.
O Deus verdadeiro é sempre incômodo porque assegura fidelidade incondicional à consciência em termos de verdade e de justiça. Quem opta pelo mal traindo a consciência não gosta de um Deus assim. Nesse sentido, os ídolos tendem a ser sempre interessantes porque indicam o caminho do menor esforço, aquele que o ser humano mais gosta de trilhar. Se considerarmos a questão em termos quantitativos, não é difícil perceber que a maioria das pessoas prefere a idolatria. Poucas, na verdade, são aquelas que adoram o Deus verdadeiro, aceitando somente o que for caminho de verdade e de justiça.
Aceitando que o Deus testemunhado pelas Escrituras Sagradas, resultado de um longo e muitas vezes penoso trabalho de depuração, seja de fato o Deus verdadeiro, aquele que inspira e estimula o ser humano a buscar sua autêntica grandeza, surge imediatamente uma pergunta: qual a face desse Deus que Israel encontrou em suas peregrinações? Cabe aqui, previamente, uma observação: não se olha para as Escrituras Sagradas como para uma fonte que poderia demonstrar verdades. Parece-me mais oportuno falar em testemunho, porque nele o povo empenha a própria palavra e até aceita o risco da morte. Ganha espaço, na perspectiva de abordagem que está sendo seguida, a categoria do encontro, até porque aí se manifesta algo de extraordinária relevância em termos de significação. A experiência humana serve de suporte do que se vai dizer.
De alguma forma, e esperando não simplificar em excesso a questão, poder-se-ia dizer que o ídolo é fabricado, ao passo que o Deus verdadeiro é encontrado. O ser humano pode projetar o ídolo porque tem muitos interesses em jogo. Assim, o ídolo resultará feito à imagem de quem o projetou. Já o Deus verdadeiro está além de toda imaginação. O encontro com ele nunca poderá ser programado porque ele irrompe no interior da história humana, gerando crises e propondo alternativas radicais em termos de fidelidade aos caminhos que conduzem à plenitude da vida.
Aqui não é possível nem prever nem imaginar. Compreende-se, a partir daqui, porque é que os enviados de Deus exercem uma função crítica junto ao povo de Israel, ajudando-o a não ceder à idolatria. E em nome da fidelidade à missão tais enviados acabam por revelar-se pessoas incômodas, sofrendo incompreensão, perseguição e morte. Profecia e martírio, com efeito, frequentemente andam juntos. Temos aí um processo educativo que não será concluído enquanto o ser humano estiver peregrinando na história, imerso em situação de radical ambiguidade. Não há uma única situação, na vida do ser humano, por melhor que seja, que possa ser considerada definitiva.
A partir de tais reflexões, uma pergunta naturalmente se impõe: como era o Deus que Israel encontrou em seus caminhos? Esse Deus foi aos poucos revelando-se como extraordinariamente próximo a ponto de ouvir o clamor dos escravos e de assumir pessoalmente o compromisso com a vida e a dignidade humanas. Temos aí um elemento certamente importante, porque revela uma das características mais significativas daquele que na fé bíblica denomina-se Deus da revelação.
Uma comparação pode ajudar-nos na compreensão daquilo que estou querendo dizer. Os ídolos necessitam de sacrifícios para que possam despertar de sua letargia e interessar-se pelos destinos da humanidade. Deus, pelo contrário, antecipa-se e vai além de tudo o que o ser humano possa desejar e pedir. Mais tarde, o apóstolo Paulo dirá, escrevendo aos romanos, que Deus manifestou seu amor para conosco amando-nos quando ainda éramos pecadores, isto é, anteriormente a qualquer iniciativa que pudesse expressar algum propósito de conversão. Esta vem depois, já como resposta ao dom incondicional de Deus. Ela não é condição e sim consequência. Nessa perspectiva, não há nada que o ser humano possa fazer para garantir o dom de Deus.
A insistência no reconhecimento de que o Deus testemunhado pelas Escrituras Sagradas não faz acepção de pessoas deixa no ar uma pergunta um tanto incômoda.
Fala-se com frequência, nas próprias Escrituras, nos ensinamentos do Magistério da Igreja e nas reflexões teológicas, que Deus fez Aliança com um povo: estaria isso indicando uma situação de privilégio? À medida que o tempo foi passando e se foi aprofundando a experiência religiosa, novas facetas de Deus foram sendo reveladas, porque ele estabelece uma Aliança, que é particular como fato, mas que se abre a uma perspectiva universal de salvação. É importante ressaltar que, no testemunho das Escrituras Sagradas, os atributos de Deus assumem as feições das mais significativas experiências humanas. É possível observar aí uma diferença essencial em referência à imagem divina explicitada pelas especulações filosóficas. Estas tendem a fixar-se em atributos de eternidade, sem nenhuma incidência daquilo que o ser humano experiencia no espaço e no tempo.
Pelo que diz respeito, especificamente, à Aliança, note-se que temos aí a eleição de um povo que não pode reivindicar qualquer mérito e que precisa aprender que sua escolha é em vista de um serviço. Este é um aspecto que Israel custou a compreender e, mais ainda, a aceitar. Como muitas vezes ocorre na experiência humana, o dom tende, de forma quase espontânea, a tornar-se privilégio, o serviço tende a tornar-se poder e a comunicação tende a tornar-se conservação. A Aliança significa o compromisso de Deus em assegurar vida plena a toda a humanidade. Uma leitura atenta das Escrituras Sagradas irá mostrando que o tema da vida permeia todos os testemunhos até se chegar às explicitações de Jesus, que define sua vinda como compromisso em fazer com que todos (mulheres e homens) tenham vida e a tenham em plenitude.
Até aqui se falou de Deus tomando como referência quase exclusiva os testemunhos do Antigo Testamento. O Novo Testamento traria alguma novidade em termos de revelação de Deus? Parece-me difícil sustentar que, em referência a essa questão, nada de novo tenha ocorrido. Não quero agora deter-me ou delongar-me, até porque numa meditação é minha intenção refletir com mais vagar sobre a figura do Cordeiro de Deus, aplicada por João Batista a Jesus. De todo modo, parece-me possível dizer que no Deus revelado por Jesus não há solidão porque ele é Pai, Filho e Espírito Santo.
Mas o que pode ser percebido, por trás de tudo isso, é a presença divina que vem como infinita misericórdia para salvar o que estava perdido. Assim, o Criador é também o Redentor. O fato novo é que agora, na plenitude dos tempos, ocorre a superação dos representantes, ou intermediários: “Muitas vezes e de muitos modos, Deus falou outrora aos nossos pais, pelos profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo” (Hb 1,1-2). Proximidade e compaixão são duas faces desse Deus.
* Hermilo Eduardo Pretto nasceu em 28/01/1945 e faleceu em 25/01/2004. Presbítero e membro da Congregação dos Missionários de São Carlos (escalabrinianos), obteve mestrado em filosofia (Roma, Universidade Gregoriana) e em teologia dogmática (Univ. Católica de Friburgo, Suíça). Lecionou no ITESP, em São Paulo-SP, durante 25 anos, deu cursos no Instituto de Teologia para Leigos da Diocese de Santo André-SP e na Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Além de vários artigos sobre epistemologia, teologia da graça e vida religiosa, publicados principalmente na revista Vida Pastoral (Ed. Paulus), escreveu: Em busca de vida nova (Ed. Paulinas, 1997) e A teologia tem algo a dizer a respeito do ser humano? (Ed. Paulus, 2003).
O livro do Apocalipse é chamado pelo seu autor de “Apocalipse de Jesus Cristo” (Ap 1.1). A palavra apocalipse vem da palavra grega apokalypsis e significa revelação, tirar o véu que oculta algo para que se possa ver, desvendamento, manifestação daquilo que está oculto ou encoberto. O autor do livro ao chamá-lo de Ἀποκάλυψις Ἰησοῦ Χριστοῦ (Apocalipse de Jesus Cristo) está afirmando que o conteúdo do livro é um desvendamento, uma manifestação feita por Jesus daquilo que estava oculto, encoberto.
O Apocalipse é uma mensagem transmitida por Jesus para ser entendida pelos cristãos do tempo em que o livro foi escrito, tendo como finalidade auxiliá-los e consolá-los no meio das dificuldades e para isso o livro apresenta “Cristo como eternamente vitorioso sobre todas as condições temporais, e, assim, [encoraja] os cristãos do tempo de João, e de todos os tempos, até o retorno de nosso Senhor” (Summers, p. 138).
O livro afirma que a revelação de Jesus foi feita a João e que ele a escreveu por ordem expressa do próprio Jesus, que lhe disse: “O que vês, escreve-o num livro” ( Ap 1. 11). Esse João, apresenta-se como sendo um sendo um servo de Jesus Cristo (1.1), irmão e companheiro dos cristãos que viviam na Ásia Menor e que compartilhava com eles a aflição. Tanto era assim que João estava na ilha de Patmos por causa da palavra de Deus que anunciava e do testemunho que dava de Jesus. João escreve assim: “Eu, João, que também sou vosso irmão e companheiro na aflição, e no Reino, e na paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo” (Ap 1.9).
O João que escreveu o Apocalipse é o apóstolo amado, o irmão de Tiago e filho de Zebedeu (Mc. 3.17; Mt 4. 21-22). Sabe-se isso pelo fato de o escritor chamar-se a si mesmo, dentro da obra, de João (1.1, 9 e 22.8) sem acrescentar nenhuma outra explicação, mostrando assim que era conhecido das igrejas da Ásia Menor, às quais escrevia. Além disso, Justino, o mártir, que escreveu entre 140 e 166 d.C. afirmou que João, o apóstolo de Cristo, escreveu o Apocalipse.
O apóstolo João escreveu o livro do Apocalipse quando uma grande perseguição aos cristãos estava começando e ele já estava exilado na ilha de Patmos (Ap 1.9) . Quando João escreveu, pelo menos um cristão já havia sido morto em Pérgamo: “...e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós...” (Ap. 2.13) e a igreja de Esmirna foi advertida a respeito do sofrimento que estava para vir, que incluiria prisão e tribulação (Ap.2.10).
Patmos, onde o apóstolo João estava preso, é uma ilha árida e rochosa de 34,6 km2, no mar Egeu e hoje pertence à Grécia. No tempo do império romano, a ilha era usada como lugar de banimento de criminosos e o apóstolo João esteve exilado na ilha durante o governo do imperador Domiciano que governou de 81 a 96 d.C. Esse imperador era um devoto dos deuses pagãos (ídolos), construiu templos para esses deuses com seu nome e obrigou os judeus a pagarem um imposto especial porque não adoravam os deuses romanos nem o imperador. Domiciano também perseguiu os cristãos porque eles se recusaram a aceitar o imperador como divino. Sendo os cristãos monoteístas (adoradores de um único Deus), dando sua devoção apenas ao Deus Pai do Senhor Jesus Cristo, e aceitando apenas Jesus como Senhor, não prestavam culto à deusa Roma, nem ao imperador que exigia ser chamado de senhor e deus.
Para entender o motivo da perseguição aos cristãos é preciso conhecer um pouco as atitudes dos imperadores romanos a respeito de si próprios. Júlio César declarou-se divino e fez com que uma estátua sua fosse colocada nos templos, juntamente com os outros deuses. Augusto César (31 a. C. a 14 d.C) aceitou o título de Sebastos, que significa digno de reverência e adoração, e aceitou também que nas províncias fossem construídos templos em sua honra. Calígula (37 a 41 d.C) exigiu ser adorado como divino e que a sua estátua fosse colocada no templo de Jerusalém, o que provocou grande furor por parte dos judeus e os conselheiros levaram o imperador a desistir desta idéia, ficando os judeus isentos da obrigação de adorá-lo.
Enquanto os cristãos foram considerados judeus pelo governo romano, estiveram em segurança, pois também estavam isentos da obrigação de adorar o imperador, mas quando os cristãos deixaram de se reunir nas sinagogas (lugar onde os judeus se reuniam para ler o Velho Testamento, orar e cultuar a Deus), o cristianismo se tornou ilegal porque mostrou ser uma religião diferente do judaísmo e a lei romana proibia religiões novas.
Seguindo o costume dos imperadores romanos, Domiciano determinou que ele próprio deveria ser cultuado e esse culto era exigido com mais rigor nas províncias do que em Roma, pois aumentava a submissão dos povos dominados ao império. Cada província era governada por um procônsul, que era responsável por administrar a justiça, garantir a ordem, cobrar os impostos, controlar os assuntos religiosos, e supervisionar os sacerdotes responsáveis pelos templos e esses sacerdotes tinham poder para exigir o culto ao imperador.
Domiciano, por decreto dele mesmo, tornou-se “deus e senhor” e Suetônio, historiador romano, afirma que ele começava as suas cartas assim: “ Nosso Senhor e Deus ordena que seja feito desta ou daquela forma” (Summers, p. 123). Esse imperador mandou fazer estátuas suas de prata e ouro, colocá-las nos templos e punir com desterro, tortura, prisão ou morte aqueles que se recusassem a adorá-lo.
A província da Ásia Menor (hoje Turquia) já de há muito havia se notabilizado pelo culto à deusa Roma e ao imperador. Em 195 a. C. Esmirna se orgulhava do templo dedicado à deusa Roma. Em 29 a. C. , nas cidades de Éfeso e Nicéia, foram construídos templos dedicados a Roma e ao imperador Júlio César.
Adorar o imperador era prova de patriotismo e lealdade, contudo os cristãos não podiam oferecer sacrifícios diante da estátua do imperador nem declarar que o imperador era senhor, uma vez que isso feria a lealdade básica dos cristãos a Deus e a Jesus Cristo.
Depois do ano 70 d.C., tendo Jerusalém sido destruída pelos romanos, a Ásia Menor tornou-se o centro do cristianismo e vivia ali a maioria dos cristãos, por isso era natural que nessa região se manifestasse maior resistência à adoração ao imperador, surgindo um grave conflito entre o estado romano e as igrejas cristãs, que levaria os cristão a perderem bens, casa e a própria vida.
O livro do Apocalipse foi dirigido às sete igrejas da Ásia Menor, onde os cristãos estavam sendo perseguidos. Essas evidências mostram que o livro foi escrito durante o reinado de Domiciano, mais ou menos em 95 d.C.
O tema do Apocalipse é o encorajamento, a esperança e a promessa de vitória para aqueles que fossem leais a Cristo até a morte. João queria encorajar os cristãos à perseverança e fidelidade mediante a certeza de que o mal será derrotado e a justiça de Deus triunfará. Essa mensagem acompanha a igreja de Cristo em todas as épocas, por isso o livro do Apocalipse tem uma mensagem para os cristãos neste início de um novo século: A vitória está assegurada, Jesus é o vencedor e os que forem leais a ele também serão vencedores. Entre esses vencedores há lugar para todos aqueles que ainda vierem a crer em Jesus como Senhor e Salvador.
O livro do Apocalipse tinha um significado para os leitores aos quais foi destinado originalmente e o seu valor para nós depende de entendermos o significado para a época em que foi escrito. Assim, o livro do Apocalipse não pode ser desvinculado da época histórica em que foi escrito para que seja devidamente entendido.
O livro está organizado em atos e cenas que avançam para um fim apoteótico, e precisa-se observá-lo como um drama, no qual João expressa sua mensagem da vitória do Senhor Jesus e da sua igreja.
A revelação começa em Deus, que é o fundamento e a fonte de toda a verdade - “revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu...” . Deus é a origem da revelação (ela provém de Deus), sendo um dom, uma oferta de Deus, pois é algo que o homem não conseguiria conhecer pelos seus próprios esforços.
A revelação que tem sua fonte em Deus vem por meio de Jesus Cristo, que é o agente através do qual esta revelação é comunicada aos seus servos, aos cristãos.
A verdade que Deus comunica aos seus servos é enviada por Jesus através do seu anjo (mensageiro celestial), que é o intermediário das visões deste livro. No Velho Testamento também os anjos eram os instrumentos pelos quais Deus, muitas vezes, se revelava aos seus profetas (Dn. 8.16; 9.21; Zc. 1.9, 13; 2.3; 4.1). Embora Jesus se sirva da instrumentalidade do seu anjo, em muitas visões dadas a João, o próprio Jesus apareceu a João (1.13) e lhe ordenou que escrevesse as coisas que veria (1.19) e lhe ditou as cartas para as sete igrejas (capítulos 2 e 3) e lhe mostrou a visão do céu (4.1). O anjo confia, então, a revelação a João para que este a comunique aos demais servos de Jesus. Tem-se, então, uma revelação cuja fonte é Deus, o mediador é Jesus, que é dada através de um anjo ao apóstolo João, que a transmite por escrito aos demais cristãos.
Deus quer mostrar aos seus servos as coisas que devem acontecer, isto é, coisas que moralmente são necessárias “para que um fim justo seja cumprido; por isso é que estas coisas acontecerão em breve. (...) Neste trecho do Apocalipse vemos que havia uma necessidade moral de aquelas coisas serem cumpridas brevemente para que o povo de Deus, então oprimido, visse o seu braço revelado e o seu conforto estendido a eles numa época de aparente desastre” (Summers, p. 57).
Outra palavra que nos chama a atenção no versículo 1 é brevemente (logo). João estava escrevendo para um povo que estava sofrendo, que estava com a vida ameaçada e que precisava de uma mensagem de conforto e de fortalecimento imediato, assim o que acontecerá logo é a providencia de Deus para que a causa de Cristo triunfasse antes que houvesse vitória do império romano. Havia uma necessidade moral de que certas coisas realmente acontecessem logo, pois os cristãos perseguidos precisavam da certeza de que Cristo estava vivo, no meio deles e que providenciaria o triunfo deles sobre seus inimigos imediatos: Roma e o imperador Domiciano.
Desta forma entende-se que uma parte do livro de Apocalipse já está cumprida, mas que outra parte ainda está para acontecer, no que diz respeito ao juízo final.
A revelação foi notificada pelo anjo a João. A palavra grega traduzida por notificou quer dizer mostrada por sinais (símbolos). A mensagem do Apocalipse foi dada através de símbolos, que são sinais visíveis de algo invisível, de uma idéia ou de uma qualidade. Assim, a linguagem deste livro deve ser entendida como figurada e poucos são os textos em que poderemos tomar a linguagem como literal. Para entender o Apocalipse é preciso interpretar os seus símbolos.
A leitura das Escrituras era uma parte essencial de todo culto público realizado pelos judeus na sinagoga (Lc 4.16; At 13.15). As igrejas cristãs adotaram este costume também em seus cultos e a leitura das Escrituras passaram a ser parte importante do culto cristão. O meio de tornar conhecida das igrejas a revelação deste livro era através da leitura pública nos cultos. É declarado que aquele que tem o privilégio de ler essa mensagem de Deus diante da congregação (Apoc. 1.3) é muito feliz (bem-aventurado) e que também o são aqueles que escutam a leitura deste livro e também são muito felizes aqueles que guardam (obedecem) as palavras escritas no livro, pois são verdadeiras, servem de advertência, consolo e estímulo para vencer as provas e manter-se fiel ao Senhor Jesus Cristo.
Outra expressão que chama a atenção em Ap 1.3 é “ouvem as palavras desta profecia...” O livro do Apocalipse é profecia no sentido de ser mensagem vinda da parte de Deus para o seu povo, por comunicar a revelação divina aos cristãos. É profecia porque revela a realidade do conflito existente entre o reino deste mundo (a sociedade de costas voltadas para Deus, rebelada contra ele, dirigindo-se sem levar em conta a vontade divina e por isso estando sob o domínio de Satanás) e o reino do Senhor Jesus Cristo, sendo um conflito que atravessa a história, mas que terá um fim; nesse dia o Senhor Jesus se apresentará vitorioso e os seus servos serão vitoriosos com ele.
Agora leia o livro do Apocalipse de uma só vez. Desta maneira você terá uma visão panorâmica da obra e poderá aproveitar melhor as lições que se seguirão. Não leia versículos isolados. Para ajudá-lo nesta leitura oferecemos a seguir uma estrutura do livro visto como um drama, isto é, peça representada em um palco. A cortina se abre e você vê as cenas se desenvolvendo. Durante a leitura não preste atenção nos detalhes, mas procure ver a cena como um todo.
APOCALIPSE - O Drama da Vitória do Senhor Jesus
Prelúdio
O Revelador - 1.1-20
As Sete Cartas - 2.1 a 3.22
PRIMEIRO ATO
1a. Cena - A Corte Celestial - 4.1 a 5.14
O trono de Deus - 4.1-14
O rolo lacrado com selos - 5.1-5
O Cordeiro abre os selos - 5.6-14
2a. Cena - Os Seis Selos (6.1-7) - O drama do sofrimento humano Interlúdio - As Duas Multidões - 7.1-17
3a. Cena - O Sétimo Selo - 8.1-6
4a. Cena - As Seis Trombetas - 8.5 a 9.21 - Advertências ao mundo incrédulo Interlúdio – O Pequeno Rolo e as Duas Testemunhas - 10.1 a 11.
5a. Cena - A Sétima Trombeta - 11.15-19 - O mundo já não existe
SEGUNDO ATO
1a. Cena - A Luta de Satanás contra o Cordeiro - 12.1 a 13.5 Interlúdio - Os anjos que proclamam o juízo (14.1-13) e o juízo (14.14-20)
2a. Cena - As Sete Taças - 15.1 a 16-21 - A punição de Deus
3a. Cena - A queda de Babilônia - 17.1 a 19.6
4a. Cena - A Vitória Final do Senhor Jesus Cristo - 19.6 a 20.15
5a. Cena - Tudo Novo - 21.1 a 22.5
Poslúdio Advertência Final - 22.6-21
Bibliografia
ASCRAFT, Morris. Apocalipse. In Comentário Bíblico Broadmam. Rio de Janeiro: Juerp, 1985. Vol. 12.
HENRY, Matthew. Commentary on the whole Bible. New York: Fleming H. Revel Company, s/d. Vol 6.
SUMMERS, Ray. Digno é o Cordeiro – uma interpretação do Apocalipse. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1957.
A política é a ciência que busca estabelecer mecanismos que permitam a construção coletiva do bem comum.
Falar de política, não é difícil. Mas difícil é dar uma resposta clara e objetiva, pois a política é muito abrangente. Na maioria das vezes, acredita-se que tem muito haver com discussão entre as pessoas no intúito de buscar uma solução para “o problema”.
Apesar da importância deste assunto, são poucos os interessados, pois a maioria da socidade foge do tema política, achando que isso é dever somente de quem está no poder, mas não sabem que são eles que acabam fortalecendo ainda mais a chance dos desonestos se corromperem com facilidade e continuar enganando o povo. Quem não participa da política será só mais um tendo o trabalho de votar e, além disso estará votando em vão.
O por que do desinteresse pela política torna-se de fácil compreensão quando levamos em consideração, que vivemos numa sociedade onde uma fração de indivíduos que no seu agir políticamente procura, nada mais, nada menos, beneficiar-se.
Mas Política é a arte de governar, é o uso do poder para defender seus direitos de cidadania.
A idéia da Política é ter uma forma de organizar a sociedade, em seus diversos âmbitos evitando que chegue a um caos ou a uma bagunça, tratando da convivência dos diferentes. E isso que a torna tão complexa e consequentemente, interessante.
A política é a liberdade de se expressar e de ter uma opinião. Sua finalidade é manter a ordem pública, a defesa do território nacional e o bem social da população.
Ela é fundamental na vida de todos, pois através da política se constrói a vida da população e não podemos ingenuamente nos abster, pois cabe à população a discussão e pressão dos governantes.
A política na atualidade encontra-se bastante deteriorada. Precisando urgentemente de uma reforma. Com mais responsábilidade partidária, com mais definições e execuções dos seus representantes.
Política é coisa séria e não apenas para ser lembrada em períodos de eleições, onde somos práticamente obrigados a votar, senão sofreremos uma sanção. No entanto, todos os indivíduos são passíveis de análise política, pois, tal ciência perde validade se não expressar a preocupação de inserir todos os indivíduos no processo de construção da sociedade.
Viver o presente como presente, mas preparar o futuro como presente que vai chegar. Para isso, é necessário olhar para o passado, que já foi presente, e perceber que naquele presente não preparamos adequadamente o futuro e hoje vivemos um presente que às vezes nos parece “presente de grego”. Para que o futuro seja um verdadeiro presente, precisamos mudar muita coisa no presente que hoje recebemos!
O discurso abaixo é um trecho do filme Sua Excelência, de 1967, em que o inesquecível Cantinflas (Mário Moreno), comediante mexicano, pronuncia na Assembléia da ONU, no papel de Embaixador de um país fictício. Contém uma lição bem atual, apesar de ter sido pronunciado há mais de 40 anos. (Tradução de José Chirivino Álvares).
Ele nos faz perceber que se tivéssemos feito nosso presente no passado de forma diferente, nosso futuro que agora é presente, poderia ser muito melhor. E que podemos ainda fazer do futuro, que um dia será presente, um mundo de paz e fraternidade.
“Coube-me, por sorte, ser o último orador. Isso muito me agrada, pois assim os pego cansados. Não obstante, sei que apesar da insignificância do meu país que não tem poderio militar, nem político, nem econômico, nem muito menos atômico, todos os Senhores esperam com grande interesse minhas palavras já que do meu voto depende o triunfo dos Verdes (capitalistas) ou dos Vermelhos (socialistas).
Senhores Representantes:
Estamos passando por um momento crucial em que a humanidade se enfrenta ante essa mesma humanidade. Estamos vivendo um momento histórico em que o homem científica e intelectualmente é um gigante, mas moralmente é um pigmeu.
A opinião mundial está tão profundamente dividida em dois grupos aparentemente irreconciliáveis, que ocorre o caso de que um só voto, o voto de um país fraco e pequeno, pode fazer que a balança penda para um ou para o outro lado. Estamos, portanto, numa grande gangorra. Com um lado ocupado pelos Verdes e com o outro ocupado pelos Vermelhos. E agora chego eu, que sou peso-pluma, e do lado que me colocar, para lá penderá a balança! Façam-me o favor!
Os Senhores não crêem que é muita responsabilidade para um só cidadão? E porque também não considero justo que a metade da humanidade - seja qual for ela - venha a ser condenada a viver sob um regime político e econômico que não é de seu agrado, somente porque um frívolo embaixador votou - ou que o tenham feito votar - num sentido ou no outro. E é por isso que não votarei em nenhuma das duas teses. E não votarei em nenhuma das duas teses, por três razões:
Primeira, porque – repito - não seria justo que um só voto de um só representante – que poderia neste momento estar doente do fígado – venha a decidir os destinos de cem nações.
Segunda, porque estou convencido de que os procedimentos - repito e sublinho: os procedimentos dos Vermelhos (os países comunistas) são desastrosos.
E aterceira, porque estou convencido de que os procedimentos dos Verdes (os Estados Unidos da América) tampouco são os mais bondosos que se possa ter. E se não se calarem imediatamente, não sigo com o discurso e os Senhores ficarão com a curiosidade de saber o que eu tinha para lhes dizer. Insisto que falo de procedimentos e não de idéias e nem de doutrinas.
Para mim todas as idéias são respeitáveis, ainda que sejam “ideiazinhas” ou “ideiazonas” e mesmo que eu não esteja de acordo com elas. O que pensa esse Senhor, ou esse outro Senhor, ou aquele Senhor, ou esse de bigodinho que já não pensa nada porque já está dormindo, nada disso impede que sejamos, todos nós, bons amigos. Todos cremos que nossa maneira de ser, nossa maneira de viver, nossa maneira de pensar e até o nosso modo de andar são os melhores; e esse modelo tratamos de impô-lo aos demais e, se não os aceitam, dizemos que 'são isso ou são aquilo' e, imediatamente, entramos em desinteligências.
Os senhores acham que isso está correto?
Tão fácil seria a vida se ao menos respeitássemos o modo de viver de cada um. Faz cem anos que disse uma das figuras mais humildes, mas mais importantes do nosso continente: 'O respeito ao direito alheio é a paz'. É disso que eu gosto! Não que me aplaudam, mas que reconheçam a sinceridade das minhas palavras. Estou de acordo com tudo o que disse o Senhor Representante da Salsichônia com humildade (N.T.: referência à Alemanha); com humildade de pedreiros independentes devemos lutar para derrubar a barreira que nos separa; a barreira da incompreensão; a barreira da mútua desconfiança; a barreira do ódio.
E no dia em que conseguirmos, poderemos dizer que voamos por cima da barreira.
Mas não a barreira das idéias, isso não, nunca! No dia em que pensarmos iguais, atuarmos iguais, deixaremos de ser homens para converter-nos em máquinas, em autômatos. Esse é o grave erro dos Vermelhos, o querer impor pela força suas idéias e seu sistema político e econômico. Falam de liberdades humanas, mas eu lhes pergunto: existem essas liberdades em seus próprios países? Dizem defender os Direitos do Proletariado, mas seus próprios trabalhadores nem sequer possuem o direito fundamental à greve. Falam da cultura universal ao alcance das massas, mas encarceraram os seus escritores porque eles se atrevem a dizer a verdade. Falam da livre determinação dos povos e, no entanto, há cem anos oprimem uma série de nações sem permitir-lhes que se dêem uma forma de governo que mais lhes convenham.
Como podemos votar por um sistema que fala de dignidade e, ato contínuo, atropela o mais sagrado da dignidade humana, que é a liberdade de consciência, eliminando ou pretendendo eliminar a Deus por decreto?
Não, senhores representantes, eu não posso estar com os Vermelhos ou, melhor dizendo, com sua maneira de atuar. Respeito seu modo de pensar, mas não posso dar meu voto para que seu sistema se implante pela força em todos os países da Terra. Aquele que quiser ser Vermelho que o seja, mas que não pretenda tingir os demais.
Um momento, jovens! Senhores! Por que tão sensíveis? Os senhores não agüentam nada, não? Eu ainda não terminei. Voltem aos seus lugares. Sei que estão acostumados a abandonar essas reuniões quando ouvem algo que não é de seu agrado; mas não terminei.
Voltem aos seus lugares, não sejam precipitados, ainda tenho que dizer algo sobre os Verdes. Os senhores gostariam de ouvir? Sentem-se! Agora, meus queridos colegas Verdes.
O que disseram os Senhores dos Verdes? - Já votou por nós? Não? Pois não, jovens. Não votarei por vocês porque vocês também têm muita culpa por tudo que acontece no mundo. Vocês são soberbos como se o mundo fosse só de vocês e que os demais tivessem uma importância apenas relativa. E ainda que falem de paz, de democracia e de coisas muito bonitas, às vezes também pretendem impor sua vontade pela força e pela força do dinheiro. Estou de acordo que devamos lutar pelo bem coletivo e individual; que devamos combater a miséria; que devamos resolver os tremendos problemas de habitação, do vestir e do sustento. Mas não estou de acordo é com a forma que vocês pretendem resolver esses problemas. Vocês também sucumbiram ante o materialismo, esqueceram os mais belos valores do espírito. Pensando somente nos negócios, pouco a pouco foram se convertendo nos credores da humanidade e, por isso, a humanidade lhes vê com desconfiança.
No dia da inauguração desta Assembléia, o Senhor Embaixador da 'Ladarônia' disse que o remédio para todos os nossos males estava em ter automóveis, refrigeradores, televisores.
E eu me pergunto: para que queremos automóveis se ainda andamos descalços?
Para que queremos refrigeradores se não temos alimentos para colocar neles?
Para que queremos tanques e armamentos se não temos escolas para nossos filhos?
Devemos lutar para que o homem pense na paz, mas não somente impulsionado pelo seu instinto de conservação, se não, e fundamentalmente, pelo dever que tem de superar-se e de fazer do mundo um local de paz e tranquilidade cada vez mais digno da espécie humana e de seus altos destinos.
Mas essa aspiração não será possível se não houver abundância para todos; bem-estar comum, felicidade coletiva e justiça social.
É verdade que está em suas mãos - dos países poderosos da terra, Verdes e Vermelhos -, o ajudar a nós, os fracos, mas não com presentes, nem com empréstimos, nem com alianças militares. Ajudem-nos pagando preços mais justos, mais eqüitativos por nossas matérias-primas; ajudem-nos dividindo conosco seus notáveis avanços na ciência, na tecnologia. Não para fabricar bombas, mas para acabar com a fome e com a miséria.
Ajudem-nos respeitando nossos costumes, nossas crenças, nossa dignidade como seres humanos e nossa personalidade como nações, por pequenos e frágeis que sejamos.
Pratiquem a tolerância e a verdadeira fraternidade, e nós saberemos corresponder-lhes. Mas deixem imediatamente de tratar-nos como simples peões no tabuleiro de xadrez da política internacional. Reconheçam-nos como o que somos, não somente como clientes ou como ratos de laboratório, mas como seres humanos que sentem, sofrem e choram.
Senhores representantes, existe outra razão a mais por que não posso dar meu voto: faz exatamente vinte e quatro horas que apresentei minha renúncia como Embaixador do meu país. Espero que seja aceita. Consequentemente, não lhes falei como Excelência, mas como um simples cidadão; como um homem livre; como um homem qualquer; mas que, não obstante, crê interpretar ao máximo as aspirações de todos os homens da Terra; as aspirações e os desejos de viver em paz; o desejo de ser livres; o desejo de entregar aos nossos filhos e aos filhos de nossos filhos um mundo melhor; em que reine a boa vontade e a concórdia.
E que fácil seria, senhores, alcançar esse mundo melhor em que todos os homens brancos, negros, amarelos e pardos, ricos e pobres pudessem viver como irmãos. Se não fôssemos tão cegos, tão obcecados, tão orgulhosos. Se apenas orientássemos nossas vidas pelas sublimes palavras que, faz dois mil anos, disse aquele humilde carpinteiro da Galiléia, simples, descalço, sem fraque nem condecorações:
“Amai-vos, amai-vos uns aos outros!”
Mas, lamentavelmente vocês entenderam mal, confundiram os termos. E o que fizeram? E o que fazem?
Veja aqui o trecho do filme mencionado em espanhol.
* Cantinflas, nome artístico de Fortino Mario Alfonso Moreno Reyes, (Cidade do México, 12 de agosto de 1911 — 20 de abril de 1993) foi um premiado ator e humorista mexicano.
Nasceu em uma família muito humilde e tinha 12 irmãos. Teve uma adolescência marcada pela pobreza o que o levou a começar a trabalhar muito cedo, primeiro como engraxate e depois como aprendiz de toureiro, motorista de táxi e pugilista.
A sua vida mudou quando aos vinte anos, trabalhando como empregado em um teatro popular, teve a oportunidade de substituir o apresentador do espetáculo que adoeceu. Ao inverter frases, trocar palavras e abusar do improviso, Cantinflas, conquistou o público hispânico.
As suas origens inspiraram várias personagens, entre eles o famoso "El Peladito". A sua maneira de falar acabou por prejudicar a sua carreira internacional. Dos mais de 40 filmes que fez, a maior parte foi produzida pela sua própria companhia.
Em Hollywood ele teve apenas dois filmes: A Volta ao Mundo em 80 Dias, um sucesso de bilheteria e vencedor do Oscar de Melhor Filme em 1956, e Pepe, um fracasso de público e crítica. A sua carreira durou até a década de 80. A crítica, porém, destaca que os melhores filmes do comediante foram feitos nos anos 40 e 50. Entre os seus trabalhos mais elogiados deste período estão, Os Três Mosqueteiros (1942), O Circo (1943), El Supersabio, O Mágico (1948), O Bombeiro Atômico (1950) e Se Eu Fosse Deputado. Todos escritos para ele pelo seu amigo Jaime Salvador.
Recebeu o Golden Globe Award para Melhor Ator (comédia ou musical) em cinema por A Volta ao Mundo em 80 Dias em 1957. (Fonte: Wikipédia)