Era uma vez um escritor que morava em uma praia tranquila, próximo a uma colônia de pescadores.
Todas as manhãs ele caminhava à beira do mar para se inspirar e, à tarde, ficava em casa escrevendo.
Certo dia, caminhando pela praia, viu um vulto ao longe que parecia dançar.
Ao chegar perto, reparou que se tratava de um jovem que recolhia estrelas-do-mar da areia, para, uma a uma, jogá-las de volta ao oceano, para além de onde as ondas quebravam.
- "Por que você está fazendo isto?", perguntou o escritor.
- "Você não vê?", explicou o jovem, que alegremente continuava a apanhar e jogar as estrelas ao mar;
- "A maré está vazando e o sol está brilhando forte... elas irão ressecar e morrer se ficarem aqui na areia."
O escritor espantou-se com a resposta e disse com paciência: - "Meu jovem, existem milhares de estrelas-do-mar espalhadas pela praia. Você joga algumas poucas de volta ao oceano, mas a maioria vai perecer de qualquer jeito. De que adianta tanto esforço, não vai fazer diferença?"
O jovem se abaixou e apanhou mais uma estrela na praia, sorriu para o escritor e disse:
- "Para esta aqui faz...", e jogou-a de volta ao mar.
Naquela noite o escritor não conseguiu escrever, nem sequer dormir.
Pela manhã, voltou à praia, procurou o jovem, uniu-se a ele, e, juntos, começaram a jogar estrelas-do-mar de volta ao mar.
Para refletir:
1. Será que estamos jogando estrelas perdidas de volta ao mar? E se fazemos isso, alguém se dispõe a nos ajudar?
2. E nós, quando vemos alguém fazer isso, nos dispomos a ajudar?
3. Quantas vezes paramos de jogar as estrelas de volta à vida, porque alguém nos disse que não adianta, que é caso perdido e não tem jeito mesmo?
4. Será que já nos sentimos como uma estrela-do-mar, lançada de volta à vida, graças à mão estendida de alguém?
5. Nós nos lembramos de agradecer quando isso acontece? Ainda existe lugar para a gratidão?
Fazer do nosso mundo um lugar melhor não é difícil! Fazer da vida uma alegria é possível! Para a fraternidade e a solidariedade basta a vontade! A vontade de fazer a diferença! E nós podemos!
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E para nos ajudar a refletir que tal matar saudades? A estrela do mar inspirou uma fábula de origem popular que explica o seu surgimento: um grãozinho de areia da praia ao olhar para o céu se apaixona por uma estrela e nasce, mais tarde, a estrela-do-mar.
A famosa fábula virou sucesso na voz da inesquecível Dalva de Oliveira em 1951, quando gravou a marcha-rancho Estrela do Mar de Paulo Soledade e Marino Pinto: "Um pequenino grão de areia / Que era um pobre sonhador / Olhando o céu viu uma estrela / Imaginou coisas de amor...”. Muitos anos depois Maria Bethânia redescobriu essa preciosidade.
Segue a letra da música e as duas versões citadas. Bethânia ainda intercala na sua reprodução um trecho das “pastorinhas”.
Coisa linda de ouvir.
Estrela do Mar
Composição : Marino Pinto e Paulo Soledade
Um pequenino grão de areia
Era um eterno sonhador
Olhando o céu viu uma estrela
Imaginou coisas de amor
Passaram anos, muitos anos
Ela no céu, ele no mar
Dizem que nunca o pobrezinho
Pode com ela se encontrar
Era um eterno sonhador
Olhando o céu viu uma estrela
Imaginou coisas de amor
Passaram anos, muitos anos
Ela no céu, ele no mar
Dizem que nunca o pobrezinho
Pode com ela se encontrar
Se houve ou se não houve
Alguma coisa entre eles dois
Ninguém soube até hoje explicar
O certo é que depois, muito depois
Apareceu a estrela do mar.
Alguma coisa entre eles dois
Ninguém soube até hoje explicar
O certo é que depois, muito depois
Apareceu a estrela do mar.
E-referências:
É lindo de mais o conto, a moral do conto e as músicas. E quantas vezes também podemos observar pessoas que ao ver o jovem jogar as estrelas ao mar, além de não ajudarem o jovem, ainda querem impedir o jovem de jogar as estrelas ao Mar, como tenta o personagem ao afirmar/indagar ao jovem: “De que adianta tanto esforço, não vai fazer diferença?"
ResponderExcluirCom certeza, faz toda diferença do mundo para a “estrelinha” que foi salva pelo jovem.
Olá Mônica: A mensagem da história é realmente muito bonita. Mas ela carrega em si uma outra dimensão que talvez seja até mais importante do que o fato de simplesmente alguém se dispor a salvar "as estrelas perdidas". É a dimensão do testemunho de solidariedade, tanto do jovem ao se dar a este "trabalho" quanto do escritor que depois de meditar uma noite inteira sobre a "aparente insana tarefa", chega à conclusão de que o jovem tinha razão. O conteúdo de sua meditação, me parece, foi de que "a minha parte, a minha colaboração faz diferença". Senão para salvar a todas as "estrelas da praia", mas ao menos para salvar boa quantidade delas. Daí, seguindo a matemática divina, se todos que passeiam pela praia fizessem o mesmo (compartilhassem a tarefa), provavelmente quase todas as "estrelas" seriam salvas.
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