No processo de “garimpagem” que desenvolvemos na busca de material para alimentar nosso site e nosso blog, encontrei o blog ”O mistério e a utopia”, do Emerson Sbardelotti Tavares, que é de Vila Velha, Estado do Espírito Santo (sugestivo). Estudante de Teologia no Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, tem atuação de destaque na Pastoral da Juventude, sendo Membro do grupo de assessores da PJ da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, além de várias outras atividades, inclusive a de poeta, através da qual se define:
sou palavra sentida e cantada / sou palavra sofrida mas nunca calada / sou poeta do chão / das dores...amores / e da sorte... / da vida e da morte.
O material postado no blog do Emerson, apesar de mais direcionado para a juventude, me interessou muito, principalmente com relação à mística e espiritualidade. Resolvi, como é de nosso costume, solicitar autorização para publicação deste material.
Emerson, em sua resposta, não só nos autorizou a publicação, como também se dispôs, na medida de suas possibilidades, a estar colaborando conosco com artigos e trabalhos de sua autoria.
Portanto, a partir de hoje, teremos mais um colaborador ativo em nosso site e blog.
Seja bem vindo Emerson!
Mas, como cartão de visita e como, vamos dizer, estréia, estamos postando na sequência uma série de oito reflexões, já publicadas, tiradas da Caminhada de nosso novo colaborador. Com o título de BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA, estas reflexões partem de fatos ocorridos na caminhada e que mereceram esse destaque.
Os nossos leitores perceberão que tais reflexões foram postadas em ocasiões específicas, as quais, para nosso objetivo, não foram consideradas relevantes. A relevância aqui se dirige ao conteúdo das reflexões. Não que as datas em si não sejam relevantes, mas eu não quis esperá-las para publicar o material. Ao lerem, entenderão do que estou falando. Boa leitura e ... boas reflexões!
Gazato
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BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA I
"Abriram-se os olhos e o reconheceram. Mas Ele desapareceu de sua vista" (Lc 24,31)
Num retiro para 150 jovens, falávamos sobre Mística e Espiritualidade da PJB.
Um dos textos trabalhados foi o que fala do Caminho de Emaús.
Aquela juventude animada entrava em contato, a maioria pela primeira vez, com os degraus da Leitura Orante da Bíblia.
Individualmente, saíram para estudar o texto. No meio das descobertas e dúvidas, surgiu uma intrigante pergunta:
- "Para onde havia ido Jesus após desaparecer?"
O silêncio dominou o ambiente!
Alguns minutos depois, tímidas respostas foram aparecendo:
- "foi para junto de Deus!"- "foi para o céu!"- "foi para o paraíso!"- "foi ao encontro de Maria!"- "foi ao encontro dos discípulos!"- "voltou para a Galiléia!"
Pude observar que tais respostas não saciavam o que o grupo estava sentindo. Aqueles corações se abrasavam.
Mas, a resposta ideal, ainda não havia sido dada.
Sugeri que todos(as) se levantassem e que de dois em dois caminhassem em silêncio, pelas dependências da casa, depois conversassem e meditassem sobre aquele trecho da leitura.
Ao retornarem, notei, que estavam muito emocionados(as) com a experiência e pedi que dessem a tão esperada resposta. Foi quando uma garota, uma das mais novas, com seus 14/15 anos, disparou:- "Jesus foi para dentro deles!"
Mais uma vez, o silêncio dominou o ambiente. Não se precisou dizer mais nada: os abraços e os aplausos falaram mais forte!
Jesus foi para dentro deles e para dentro de cada um de nós; nos anima a caminhar sempre!
Em nossas Comunidades Eclesiais de Base, em nossos grupos da PJB, ter esta clareza é estar no caminho que leva ao Reino. E este caminho passa pelo Inferno do Sofrimento Humano:
- a exclusão, a marginalização, a discriminação, a injustiça, a miséria e a fome.
Jesus mesmo, para chegar ao Pai, passou por este caminho, por isso cumpriu a missão pela qual viveu.
Não perder a dignidade e a coragem para lutar é sinal que verdadeiramente a Salvação está dentro de cada um de nós. Ter força para voltar e anunciar aos outros, tudo o que o Ressuscitado falou e fala durante a caminhada é colocar mais um tijolo na casa comum: a Civilização do Amor!
É ter esperança e acreditar que somos parte do terreno fértil da transformação que virá!
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BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA II
"Pois andando e observando vossos lugares de culto encontrei um altar com esta inscrição: "AO DEUS DESCONHECIDO". Pois bem, eu vos anuncio aquele que venerais sem conhecer". (At 17,23)
Numa conversa descontraída, com alguns jovens da Prelazia de São Félix do Araguaia/MT, durante uma assembléia, em janeiro de 2003, discutíamos sobre o retorno do sagrado!
O sagrado retorna a partir de uma situação de desespero, depressão, fracasso, doença, morte, separação, amor não correspondido, corrupção, instabilidade político-econômica... crises...
É muito comum o sagrado aparecer com força, porque, na medida em que os dias e a história passam, e não trazem as respostas que queremos ouvir, começa a se apelar para o sobrenatural.
É a partir da crise da "pós-pós-modernidade" que os deuses retornam com imenso poder. Eles haviam sido banidos no começo do mundo moderno, com o Iluminismo; hoje, porém, ressurgem com a força de águas represadas.
E aparecem deuses para tudo quanto é gosto!
As redes de televisão não cansam de mostrá-los todos os dias. Com o apoio da mídia surgem e crescem as catedrais do deus Consumo, e as catedrais do deus Mercado.
Deus retorna por alto, mas não é Deus que retorna, são os deuses. E aí é que está o problema! Deuses, no plural, costumam-se a equivaler a ÍDOLOS!
Nessa proliferação de deuses, qual é o Deus verdadeiro?
Diferentemente da Europa, aqui no Brasil, e na América Latina, o problema não é a falta de Deus, é o excesso de Deus.
Nós, dos grupos de jovens da PJB, no meio desse turbilhão de informações, por vezes destorcidas, nos sentimos como Paulo em Atenas, onde se tinha uma grande variedade de deuses; mas se tem o altar AO DEUS DESCONHECIDO!
É deste Deus que o apóstolo quer falar e que nós devemos falar sempre.
Porque deuses conhecidos são deuses feitos para nossa imagem e semelhança. Porque deuses conhecidos são deuses perigosos. Neles, os seres humanos transferem as suas responsabilidades. Quando se conhece muito a Deus, é sinal que deixou de ser Deus, passa a ser um mero produto em nossas mãos; o Deus verdadeiro é sempre desconhecido. É aquele que se descobre no sofrimento humano, é aquele que se descobre na observação da Natureza, do Outro; é aquele que se descobre quando se faz silêncio, pois no silêncio experimentamos o Deus desconhecido.
O Deus desconhecido não é o deus dos espetáculos e das soluções imediatas.
O Deus desconhecido de Jesus se sente vivendo a pobreza do povo nas causas do Reino.
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BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA III
"Mas o Senhor espera para ter piedade de vós, agüenta para se compadecer de vós porque o Senhor é um Deus reto: felizes os que nele esperam" (Is 30,18).
Foi numa assessoria sobre Liturgia Jovem, que a profecia de Isaías e a de João Batista chamou a atenção daquela juventude reunida em retiro.
Expliquei que nas leituras do tempo do Advento, Isaías é o personagem que apresenta textos messiânicos e escatológicos, que irão se complementar nos textos evangélicos referentes a João Batista, também personagem típico do Advento, uma vez que este fala e aponta o Messias (cf. Is 40,1-11; Lc 3,1-20).
A realização das profecias na história aparece como desenvolvimento do desígnio da salvação na qual a chave é o Cristo. Assim, redescobrimos a centralidade de Cristo na história da salvação, ontem, hoje e amanhã.
Através da leitura atenta das Sagradas Escrituras, poderá se perceber e escutar os passos da Palavra que se aproxima da história da humanidade.
É em cada profecia realizada, é na fidelidade comprovada que se manifesta a fidelidade do Pai, o protagonista do Primeiro Testamento, aquele que Jesus vem revelar com a sua encarnação no Segundo Testamento e em nosso meio.
Uma jovem perguntou: - "Há uma ligação íntima entre Isaías, João Batista e Jesus?"
Respondi: - "Há! A profecia de João, a de Jesus, só fará sentido se for lida e inculturada a partir da profecia de Isaías; a profecia de um sendo ponto de chegada e de saída da profecia dos outros!"
O profeta Isaías é chamado de "protoevangelista", pois, com seus oráculos anuncia os sinais dos tempos messiânicos; suas profecias revelam o rosto escondido do Ungido (Messias - palavra hebraica/Cristo - palavra grega = UNGIDO).
João Batista, o Precursor, aquele que vem antes para preparar o caminho, o último dos profetas, aquele que indica e mostra o Cordeiro que tira o pecado do mundo; aquele que recebe a resposta do Mestre à sua pergunta: - "És Tu aquele que devia vir ou devemos esperar outro?" e Jesus responde: - "Ide informar a João sobre o que ouvi e vedes: cegos recobram a visão, coxos caminham, leprosos são purificados, surdos ouvem, mortos ressuscitam, pobres recebem a boa notícia; e feliz daquele que não tropeça por minha causa" (Mt 11,1-6).
A partir das profecias na vida do povo, a liturgia do Advento desenvolveu na Igreja uma autêntica espiritualidade, que tem seu foco na espera do Senhor. Advento é a celebração alegre da espera do Senhor.
Encontramos no tempo do Advento algumas palavras chaves: "espera, esperança, atenção, vigilância, acolhida e partida".
A espera por Cristo deve ser aquela do(a) amigo(a) que há muito tempo não encontramos, não vemos!
O limite da espera é o encontro!
O limite do encontro é o abraço, o beijo fraterno!
Vem, Senhor Jesus!
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BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA IV
"Jesus empreendeu viagem com seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe. No caminho perguntava aos discípulos: - Quem dizem os homens que eu sou?" (Mc 8,27)
Fui convidado a assessorar um encontro de três dias numa paróquia do interior do Estado do Espírito Santo, sobre "A PRÁTICA LIBERTADORA DE JESUS".
Um dos instrumentos que utilizei para o trabalho em pequenos grupos, foi um livrinho do Frei Carlos Mesters publicado pelo CEBI, com o mesmo nome, mas: - simples, profundo, direto e esclarecedor.
O sub-tema do encontro: "QUEM É JESUS?"
No domingo celebraríamos Ramos; por estarmos nas dependências de uma escola agrícola, lembrei em silêncio, que Jesus era carpinteiro e agricultor, senti que seria um encontro gostoso de se viver, gostoso de praticar depois no cotidiano dos grupos de jovens.
Estávamos num total de 30 jovens.
Comecei dizendo, que sem dúvida, as duas perguntas que Jesus faz a seus discípulos, de certa maneira, nos causa um incômodo até hoje, agora mesmo!
- "Quem dizem os homens que eu sou?"
- "E vós, quem dizeis que eu sou?"
Um silêncio arrasador tomou conta do salão!
Estas perguntas nos desafiam!
Nestas perguntas, Jesus, tem uma preocupação velada a respeito da identidade messiânica (primeiro, porque, tinha curiosidade em saber sobre a opinião que o povo (homens e mulheres) tinha dele; segundo, pois, esperava do seu grupo de base, os seus amigos mais íntimos, os discípulos, uma resposta diferente da do povo comum).
O evangelista diz que eles estão no caminho que leva a Jerusalém, mas as perguntas são feitas em território pagão, onde os discípulos podem estar mais livres da pressão ideológica dos fariseus, da sociedade como um todo. Mesmo assim, e aí se percebe, aparece um certo descontentamento da parte de Jesus: os sinais messiânicos que deu não tiveram repercussão neles.
Cabe perguntar:
- "Nós, dos grupos de base da PJB, estamos neste caminho?"
- "Estamos prontos(as) para responder: - "Quem dizem os(as) jovens que eu sou?"
Com certeza as respostas a estas perguntas poderão não agradar aos coordenadores, aos assessores, e melhor que não agradem mesmo, mas devem ser respeitadas, nem tudo está perdido!
O que não vale é ficarmos espiritualizando os fatos históricos da vida de Jesus: sua encarnação, sua humanidade.
Se o grupo fizer uma leitura fundamentalista da Bíblia, distante da realidade que o cerca estará vivendo uma fuga!
A fuga sempre leva ao fracasso!
Alienação é fracasso!
Hoje, os meios de comunicação oferecem para os grupos de jovens um Jesus mercadológico. UM JESUS COM G!
G, de genérico! Jesus virou produto (= GESUS!)
Afinal, quem é Jesus?
É Jesus = Vida? Ou, Gesus = Fuga?
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BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA V
"Se levanta da mesa, tira o manto e, tomando uma toalha, cinge-a. A seguir, põe água numa bacia e começa a lavar os pés dos discípulos e a secá-los com a toalha que tinha cingido" (Jo 13,4-5).
Em 1988, eu participava do grupo JEFAC (JOVENS EM FUNÇÃO DO AMOR DE CRISTO), da CEB Nossa Senhora do Magnificat, Jardim Marilândia, Vila Velha/ES. O grupo e a equipe de liturgia haviam se responsabilizado pela encenação da Semana Santa, indo do domingo de Ramos até o domingo da Páscoa.
Das celebrações, a que me gritava mais forte no coração era a do lava-pés!
A cena é muito forte: simples e reveladora.
A partir dela entendi qual era o meu papel no grupo de jovens, na paróquia e na sociedade como um todo: - "servir o meu próximo!"
Percebi que a ação simbólica de Jesus não era uma ação de poderes plenos, mas havia um enorme desejo de humildade: transformadora e inquietante.
Senti em meu coração, no silêncio, que Jesus lavava os pés de todos(as) que estavam presentes naquela celebração, e também aqueles(as) que não estavam.
Pela primeira vez na vida ouvi a palavra DIACONIA, que significa serviço.
Jesus estava me mostrando como ser um diácono.
Lembrei-me que segundo o livro de Gênesis (cf.18,4), oferecer água ao hospede para que lavasse os pés, por causa da poeira do caminho, era um gesto cortes de quem recebia. Mas o ato de lavar os pés, não cabia ao dono da casa ou a um mestre; nenhum homem judeu lavava os pés de outro homem judeu, isto era um serviço para escravos pagãos.
As mulheres judias eram obrigadas a lavar os pés dos seus maridos.
Pude notar que o gesto de Jesus, a princípio, era escandaloso, principalmente para os discípulos que nada entenderam. Somente mais tarde, quando as primeiras comunidades começam a sofrer perseguições por parte dos judeus e do Império Romano é que se entenderá o profundo significado do gesto de Jesus.
O exemplo deste serviço humilde deve animar a vida de nossos grupos de base da PJB!
Não somos convocados para que nos sirvam, nossa missão está em servir sem esperar "obrigado" ou agradecimentos.
No final da celebração, envolto em meus pensamentos, me perguntava: - "você reparou que Jesus não tirou a toalha da cintura após secar os pés dos discípulos?"
Acredito que esta toalha tenha sido repartida com as outras peças de roupa que Ele usava, quando já estava na cruz. Não há comentários no próprio evangelho, que Ele tenha tirado ou depositado em algum lugar, deixando entender que a tenha usado até o final.
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BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA VI
"Nisso chegaram os discípulos e se maravilharam ao vê-lo falar com uma mulher. Mas ninguém lhe perguntou o que procurava ou por que falava com ela" (Jo 4,27).
Certa vez, lecionando Segundo Testamento, na Escola de Teologia para Leigos(as), da Paróquia Bom Pastor, em Campo Grande, Cariacica/ES, conversávamos sobre "A SITUAÇÃO DA MULHER NO TEMPO DE JESUS".
Eu dizia que a estrutura social era patriarcal, a mulher não tinha direitos. Como mãe, ela era respeitada, reverenciada e bendita por seus filhos homens, pois são presentes e bênção de YHWH.
No tempo de Jesus a mulher judia era considerada em tudo inferior ao homem. Poderia ser vendida como escrava, pelo pai, quando tivesse entre 6 e 12 anos e meio de idade.
A religião judaica era uma religião de homens.
Apesar de serem numerosas não contavam, por exemplo, num culto na sinagoga, só começava se tivesse no mínimo 10 judeus; mas eram obrigadas a cumprir todas as proibições da Lei, inclusive a pena de morte.
Havia uma oração que os judeus do século II d.E.C., faziam na sinagoga:
"Rabi Jehuda diz: devem ser feitas três orações diárias:
Bendito seja Senhor que não me fez pagão.
Bendito seja Senhor que não me fez mulher.
Bendito seja Senhor que não me fez ignorante.
Bendito seja Senhor que não me fez pagão:
Porque todas as nações diante dele são como nada (Is 40,17).
Bendito seja Senhor que não me fez mulher:
Porque a mulher não está obrigada a cumprir os mandamentos.
Bendito seja Senhor que não me fez ignorante:
Porque o ignorante não se envergonha de pecar".
Depois que escrevi no quadro esta "oração", uma mulher falou:
"Eles esqueciam que Deus é mãe também?"
Eu lhe respondi com uma outra pergunta:
"Não se tem tratado as mulheres da mesma forma hoje em dia?"
"Qual é a atitude de Jesus perante às mulheres?"
Ela respondeu:
"A atitude de Jesus é enfrentar a estrutura patriarcal, é a de iniciar um diálogo sincero, criar laços de amizade, ter discípulas não importando se são solteiras, viúvas ou casadas. As primeiras testemunhas da ressurreição são as mulheres-discípulas".
Nada mais falei, não havia o que dizer, aquela mulher simples do povo já havia dito tudo.
Só comentei que na genealogia de Jesus encontramos cinco mulheres: - Tamar, Raab, Rute, Betsabéia e Maria (cf.Mt 1,1-17) que são precursoras da Promessa.
É bom lembrar sempre: - o argumento de uma mulher pagã prevaleceu sobre o de Jesus (cf. Mc 7,24-30).
E cabe perguntar: - "E nos nossos grupos de base da PJB, como tem sido esta relação – participação das jovens mulheres?"
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BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA VII
FESTA DE CRISTO REI: JESUS CRISTO, SENHOR DO UNIVERSO
Todos os anos, a Igreja comemora a Festa de Cristo Rei, encerrando assim o Ano Litúrgico e abrindo a casa para a salvação que vem. A Igreja se prepara para o Advento e o Natal do Senhor Jesus.
Na Festa de Cristo Rei, somos chamados, convocados, convidados a partilhar a vitória da justiça que aconteceu na ressurreição de Jesus. A única realeza que brilha é a justiça prometida por Ele, desejada por todo ser humano que luta por direito e por dignidade na vida; justiça, que em nosso Brasil, em nossos Estados, pouco se celebrou neste ano que está por findar...
O Evangelho nos apresenta Jesus como Rei e Juiz Universal, mas emprega a imagem de Pastor para mostrar o Mestre da Justiça, julgando a nós e a história que ajudamos a construir a cada dia.
A solidariedade e a partilha são sinais da presença salvífica de Jesus no mundo; ser solidário é estar no caminho de transformação, partilhar é cultivar a esperança que insiste em dizer que a vida é viver.
Quem são os irmãos menores de nossas comunidades hoje? De nossa sociedade?
O que estamos fazendo para mudar a situação?
A Festa de Cristo Rei é a festa da vida em comum, da vida digna e fraterna.
Festejar a justiça em comunidade é festejar a vida.
Há um ditado popular que diz: "Em terra de cego, quem tem um olho é rei"... continuamos a pensar assim?
Somos felizes apenas quando levamos vantagem?
Não é este o sentido da Festa de Cristo Rei. O sentido é uma preparação, uma espera para o que virá.
E o que virá?
A Vida, a Vida!
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BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA VIII
"Hoje nasceu para vós na cidade de Davi o Salvador, o Messias e Senhor. Isto vos servirá de sinal: Encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura" (Lc 2,11-12)
Eis o grande milagre de Deus: a sua Encarnação/Ressurreição no meio de nós!
Tão simples assim, tão humano assim, só poderia ser Deus!
Qual é a nossa surpresa hoje, quando refletimos sobre a Encarnação/Ressurreição de Deus no meio de nós?
Outra pergunta: o que sinto de mais profundo neste fato, que queima e acende novas e velhas esperanças caladas dentro do peito?
E em você minha jovem, meu jovem?
Neste tempo litúrgico, a esperança brota do coração da(o) jovem que acredita que o mistério da encarnação do Verbo, e sua inculturação neste chão latino-americano, em toda a humanidade, deve ser celebrado como sacramento pascal.
É vida e alegria!
É o compromisso com a liberdade do povo, a liberdade que Jesus veio estabelecer.
No passado, o 25 de dezembro, era uma festa romana, portanto pagã, ao "sol invencível", que recebeu novo sentido: celebrar a memória da natividade de Jesus, o Cristo, "SOL DA JUSTIÇA"!
E como estão nossas crianças? Possuem ao menos uma manjedoura? E o que fazemos para mudar tal realidade?
Na maioria das vezes apenas falamos e escrevemos, o papel tudo aceita, e o que entra por um ouvido costuma sair pelo outro.
Nos preocupamos com a festa, os presentes e o local para colocarmos o presépio...Mas, isto é tudo?
Encontramos pessoas, que participam de comunidade, de grupos diversos, que não acreditam que o Filho de Deus fosse tão pobre assim, mas os evangelistas se preocupam, no nosso caso, Lucas, o grego, o médico, o companheiro de Paulo em sua segunda viagem missionária, em escrever aquilo que ouviram/ouviu das primeiras testemunhas.
É claro, que ligar Jesus à cidade de Davi, é assegurar a renovação da Aliança entre Deus e os seres humanos, é o cumprimento das Escrituras!
Se fez humilde, simples e jovial.
Se fez pobre, se fez ser humano.
É lembrar das palavras de Leonardo Boff, em sua obra - NATAL: A HUMANIDADE E A JOVIALIDADE DE NOSSO DEUS - Vozes, 1976: "O Natal revela o projeto que Deus se propusera a si mesmo. Deus quis comunicar-se de forma completa a um outro ser diferente dele. Dignou-se dar-se de presente a alguém. Não quis ficar unicamente Deus. O criador dispôs-se fazer-se também criatura".
Convido você agora a ler esta obra e a viver em plenitude o Natal.
FELIZ NATAL. A PAZ ESTEJA COM VOCÊS!
Emerson Sbardelotti