quarta-feira, 11 de maio de 2011

Diaconia da Cultura

Diaconia da Cultura

A ruptura entre o Evangelho e a cultura é sem dúvida o drama da nossa época,…., importa envidar todos os esforços no sentido de uma generosa evangelização da cultura, ou mais exatamente das culturas. (EN 20)


Desde 1980, a Igreja tem ocupado espaço e marcado presença na web, o grande areópago, tal qual o papa João Paulo II, assim, o denominou em RM! Desde então, variados organismos eclesiais, e singulares cristãos, mesmo sem muitos conhecimentos técnicos, têm confiado nas orientações do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais e do papado e, corajosamente, tem utilizado os vários espaços, chamados “virtuais”: sites, blogs, wikis, web-radio, web-tv, etc, como formas para renovar a pastoral e  Anunciar a Boa Notícia do Reino! Hoje, muitos colhem os resultados e inspiram tantos outros segmentos eclesiais a fazerem o mesmo.  Os promotores do uso da web na Evangelização destacam seu aspecto interativo e colaborativo e defendem que ela contribui para tornar o mundo uma aldeia global,  pois é instantânea, é acessível, é descentralizada, é interativa e, portanto, democrática. Interpretando as palavras do papa Paulo VI, podemos afirmar que ela pode ser um moderno púlpito  e fazer a mensagem do Evangelho  chegar às mais distantes pessoas (EN 20).
Há pouco mais de um ano,o presidente do Conselho para as Comunicações Sociais, o  arcebispo Claudio Maria Celli, no Simpósio sobre os Meios de Comunicação do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, no Vaticano, denominou esta presença como “diaconia da cultura”. Apesar do positivo impacto causado pela  expressão nos meios de comunicação, até hoje não há muita clareza sobre o que seria esta diaconia e como ela aconteceria no cotidiano de nossas comunidades. Evidentemente, todos entendem seu forte apelo evangélico, que nos recorda a essência da vocação de todos os membros da Igreja: o cumprimento do mandato missionário de Jesus.

Este termo aparece, implicitamente, em vários documentos eclesiais e talvez um, dos mais significativos e marcantes, tenha sido a mensagem para o 43º Dia das Comunicações Sociais, de 2010, quando o papa desafiou os leigos e leigas, e dentre estes, especialmente, os jovens a ocuparem os espaços na web  para promoverem uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade que fosse coerente com a proposta cristã. Muitos entenderam esta colocação como o reconhecimento do protagonismo do laicato em um campo que lhe é muito peculiar. No final do mesmo ano,  D. Claudio Maria Celli chegou a referir-se aos jovens cristãos e cristãs como diáconos da cultura do continente digital, no qual a grande maioria deles é nativa e que, justamente por isso, poderiam nela, dar testemunho de fé. Neste ano, o papa Bento XVI, em sua mensagem para o 44º Dia das Comunicações Sociais,  se dirigiu,especialmente, aos presbíteros, lembrando-os de suas responsabilidades diante dos novos desafios lançados pelas tecnologias e os exortou a promoverem e incentivar o uso destes meios na evangelização  na “promoção de uma cultura que respeite a dignidade e o valor da pessoa humana”. De forma explícita, afirmou que este é um dos caminhos onde a Igreja é chamada a exercer a “diaconia da cultura”. De forma iluminadora, o texto sinaliza como entender, e praticar,  esta diaconia!
Num dos documentos mais importantes sobre a missão da Igreja,  o papa João Paulo II, em 1990, retomando a temática da utilização da web na  Igreja, de forma implícita afirmou que, ao se descuidar  da internet, a Igreja perdeu a oportunidade de evangelizar a cultura moderna. Segundo ele,  utilizar os MCS seria uma forma para  integrar o Evangelho na nova cultura midiática, o que contribuiria para diminuir  o que o papa Paulo VI, em 1975, na EN 20, chamou de “ruptura entre o Evangelho e a cultura” (RM, 37c).   De forma clara, entendemos o que significa esta ruptura quando lemos  o texto de Paulo VI: “importa envidar todos os esforços no sentido de uma generosa evangelização da cultura ou mais exatamente das culturas” (EN 20) o qual citamos, na epígrafe deste texto.  O acréscimo  ”mais exatamente das culturas”  revela que a primeira e mais importante ação evangelizadora é reconhecer a existência de culturas diferentes e isso não é ‘coisa” fácil de acontecer, tanto que  o papa João Paulo II  preferiu omitir a parte final do texto de seu predecessor. Todavia o que importa é reconhecer que culturas precisam ser evangelizadas e que a web é uma delas.  Foi nesta linha que o papa Bento XVI, na  mensagem deste ano, afirmou  ”que não se trata de marcar presença e/ou considerar a internet apenas como um espaço a ser ocupado. A Igreja deve estar presente no mundo digital  para evangelizá-lo”!


Utilizar os modernos recursos da web antes de ser um beneficio para a Igreja  é uma missão pastoral. A Igreja, fiel ao seu Senhor, é portadora de uma proposta de vida digna para todos os que habitam este mundo. Ela expressa que a cultura cristã tem como imperativo ético a promoção da vida de toda pessoa humana, enquanto criada a imagem e semelhança do Criador, e a promoção do bem comum. A Igreja tem a missão de dizer uma palavra de esperança ao mundo e convocar todos as pessoas de boa vontade a se engajarem na promoção da justiça  social que gera a verdadeira PAZ para todos(GS) e, como bem lembrou o papa Paulo VI, só há Paz onde há desenvolvimento (PP).  A Doutrina Social da Igreja nos lembra que o referencial cristão ultrapassa às ciências políticas, econômicas e sociais, pois tem sua vocação no próprio Evangelho de Cristo deixado para guiar e iluminar a Igreja, a qual  deve ser, segundo as palavras do  papa Paulo VI, “uma especialista em humanidade(Discurso de Paulo VI).  Disso decorre, que ela não pode silenciar diante do sofrimento e da  morte de milhões de excluídos produzidos pelos sistemas sócio, político e econômicos da globalização. Fazer isso é negar o Evangelho, é se omitir.
Assim a web não deve ser vista como um mais modismo, ou, apenas, para facilitar e/ou  beneficiar  a vida pastoral da Igreja. Esta deve assumir a web para promover defender a Vida e a Paz. Desta forma,  a evangelização de outras culturas ocorrerá através do testemunho que a comunidade eclesial sendo “sal” e “luz” para o mundo. Ela é, portanto, desafiada a Evangelizar a cultura moderna e, especialmente, a Internet a partir de dentro, utilizando-a e transformando-a.
Atualizando  às palavras de São Paulo “Ai de mim,  se eu não Evangelizar” ela deve dizer “Ai de mim,  se eu não Evangelizar a WEB”

Para aprofundar:


Ai de mim se eu não evangelizar (texto)
Internet como cultura não como meio (pps)
Autor: Pedro Rigolo Filho  pedrorigolo@gmail.com
                                       


Fonte: 



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